Na sexta-feira à tarde, após termos almoçado no Subway, continuamos nosso caminho pela Nevsky Prospekt até chegarmos ao museu Hermitage, que fica no final da rua, à beira do rio Neva. O Hermitage é um dos maiores museus do mundo, ficando localizado num grande complexo de seis prédios, dos quais o principal é o Palácio de Inverno. O museu foi concebido por Catarina, a Grande, e sua coleção é gigantesca, reunindo mais de três milhões de peças, das quais só uma pequena porcentagem é mostrada ao público de cada vez. Como nosso tempo era curto, visitamos só a parte principal do museu, que é o Palácio de Inverno. Ali fica a parte principal do museu, com obras que incluem arte antiga (egípcia, romana e grega), arte medieval europeia, arte dos séculos XVI a XVIII (e daí há obras de arte de todos os lugares possíveis: tanto russas quanto francesas, inglesas, flamengas, entre tantas outras) e, por fim, arte mais recente, englobando o século XIX e o século XX, incluindo aí toda uma sessão de obras de Van Gogh, Monet, Picasso, Matisse, Gauguin, entre outras.
O Palácio de Inverno, antes de ser museu, era a residência oficial dos czares russos. São Petersburgo foi capital da Rússia por um bom tempo. Se não estou enganada, foi durante a Revolução de 1917 que a capital foi transferida para Moscou. Alguns eventos de extrema importância para a história russa tiveram lugar nesse palácio. Em 1905, o Domingo Sangrento aconteceu na Praça do Palácio, bem frente ao Palácio de Inverno. O Domingo Sangrento é um episódio em que centenas de militantes foram mortos em frente ao Palácio de Inverno for ordem de Nicolau II, o último czar. A questão é que eles estavam apenas fazendo algumas reivindicações de melhores condições de vida, mas sem nenhuma espécie de violência. Era um protesto completamente pacífico. Mas, mesmo assim, todos os protestantes foram fuzilados. Esse episódio tem uma importância significativa porque foi o que deu às massas russas um impulso para a revolução. Em 1917, quando tal revolução de fato aconteceu, o Palácio de Inverno passou a ser utilizado como sede do governo provisório soviete.
Algumas fotos da parte externa do Hermitage:
Agora falando um pouco sobre o museu em si... Ele é simplesmente demais! As salas onde as obras de arte estão expostas são muito bonitas, com lustres pendendo do teto, móveis bonitos e detalhes de ouro na decoração. Em cada um das salas há um tiazinha sentada. Muitas delas me pareceram estar dormindo. O trabalho delas, pelo que entendi, é simplesmente o de cuidar dos visitantes que visitam o museu, dizendo para ninguém se apoiar em móveis ou encostar nas pinturas. Para vocês terem uma ideia melhor, deem uma olhada nas seguintes fotos, que dão uma ideia básica do que é o interior do museu:
Como não tínhamos muito tempo no museu, não deu para ficar olhando todas as peças com cuidadinho. Tivemos que ir atrás de ver o que nos interessava. Vimos uma escultura do Michelangelo chamada "Crouching Boy", que é um dos destaques do museu. Vimos também duas pinturas do da Vinci. Muito bonitas. A primeira que vimos foi uma chamada "Madonna and child". A segunda era chamada "Madonna with a flower".
No segundo andar do Palácio de Inverno, onde fica a parte de arte mais recente (leia-se ente os séculos XIX e XX), vimos várias obras interessantes. Vimos "Dança" do Gauguin. Outra que eu também gostei de ter visto foi "Woman in a garden", do Monet. Além de todo esse arsenal de obras europeias, o museu também conta com uma coleção gigantesca de obras de arte russa, retratando praticamente todos os períodos da história do país.
Passamos umas três horas no Hermitage. No fim, estávamos tao cansados que só queríamos poder nos sentar em algum lugar e descansar. Ao sairmos do museu, entretanto, tivemos uma surpresa. Uma multidão de homens de farda estava reunida na Praça do Palácio, com uma banda tocando e, de quando em quando, eles marchavam de um lado ao outro da praça. Não entendemos bem o que estava acontecendo, mas a impressão que deu foi de que eles estavam fazendo uma espécie de treinamento para alguma apresentação importante que aconteceria nos próximos dias. Foi um momento muito Rússia. Imaginem, uma parada militar em frente ao Palácio de Inverno? Adoramos. Algumas fotinhas para ilustrar:
Depois disso, fomos a um café tentar nos esquentar. Enquanto estávamos lá, começou a nevar muuuuito. Ficamos um tempão no café até termos coragem de sair novamente. Quando saímos, decidimos ir visitar a Catedral de São Isaac, que fica ali pertinho e que é um dos principais símbolos da cidade de São Petersburgo. Infelizmente, ao chegar lá, desistimos por causa do mal tempo, que nos impediria de subir na cúpula da igreja para ter uma visão panorâmica da cidade. Na segunda-feira, quando voltamos a São Petersburgo, nós subimos.
Enfim, depois de alguns planos fracassados no final de nossa sexta-feira, corremos para nosso hotel e entramos no ônibus que nos levaria a Moscou, a 600 quilômetros dali. Nem preciso comentar o quao ruim foi nossa viagem. Ônibus lotado, todos muito cansados e, para piorar, uma estrada péssima. É uma vergonha que a estrada principal que liga as duas principais cidades da Rússia seja tao descuidada como vimos que é. Tinha horas em que, no meio da noite, todos do ônibus acordavam por causa dos solavancos. Era muito buraco.
No sábado de manhã chegamos em Moscou debaixo de forte chuva. Paramos na Praça Vermelha e, de lá, fomos para uma visita guiada. A praça é enorme e, certamente, um dos lugares mais incríveis em que já estive na vida. Segue uma fotinha - não minha, é claro! - para ilustrar a grandiosidade deste lugar:
Após darmos uma voltinha debaixo de chuva pela Praça, voltamos para o ônibus, todos molhados, para um city tour de duas horas de dentro do ônibus (ainda bem). Fomos andando e vendo os principais lugares do centro da cidade, os prédios do governo (inclusive o prédio onde, antigamente, funcionava a KGB e onde, atualmente, está localizado o Ministério da Defesa russo), diversas igrejas ortodoxas e, principalmente, estátuas de milhares de personalidades, cujos nomes agora eu não consigo lembrar, mas sei que eram, em sua maioria, de nomes das letras e da música russa, como o poeta Alexander Pushkin, escritores como Dostoievski e Tolstoi e o compositor russo Tchaikovsky, autor de obras incríveis como a ópera O Lago dos Cisnes. Além disso, a cidade está repleta de estátuas de heróis russos e, entre elas, figuram imagens de figuras ligadas ao comunismo, como Marx, Engels e, é claro, Lênin. Todas as estátuas do Stalin foram retiradas da cidade (se não me engano, também foram retiradas de todo país - não vi nenhum referência iconográfica a ele em nenhum dos lugares por onde andei na Rússia) e, hoje em dia, de acordo com o que nossa guia nos disse, elas podem ser encontradas num parque da cidade que é tipo um "cemitério de estátuas".
Passamos pelo estádio olímpico de Moscou, construído especialmente para as Olimpíadas de 1980, que aconteceram na cidade (e que foram boicotadas pelos EUA por causa da Guerra do Afeganistão, estão lembrados?). O hotel em que ficamos, por sinal, também foi construído especialmente para os Jogos Olímpicos daquelas ocasião. Fomos também ao prédio da Universidade de Moscou (ou Moscow State University - MSU). De acordo com nossa guia, cerca de 40 mil alunos estudam nessa universidade que, pelo que entendi, é uma das principais da Rússia. Aqui a foto do prédio da universidade, que visitei debaixo de muita chuva:
O prédio que sedia a MSU é um dos prédios chamados "As Sete Irmas de Stalin". São sete prédios espalhados por Moscou que foram construídos durante a era soviética e que são a mais pura demonstração da megalomania dos líderes soviéticos daquela época. Dos sete prédios, dois são hotéis, dois são usados pelo governo (um deles é o Ministério de Relações Exteriores, inclusive), dois são prédios residenciais e, por fim, o último deles é usado pela universidade. Parece que, no início, o projeto era de construir oito prédios, sendo que o oitavo deles ficaria em plena Praça Vermelha. Esse oitavo prédio, no final, acabou como um modesto presentinho para os cidadãos de Varsóvia e, hoje em dia, é onde está localizado o Palácio da Ciência e da Cultura na capital polonesa, sobre o qual falei em posts anteriores.
Depois do passeio pela cidade, em que todos estavam exaustos e muitos dormiram enquanto a guia falava, chegamos no nosso hotel. Perto dele, havia uma grande feira de artesanato chamada de Islaylovo Market. Decidimos ir para lá. Ali, o que vale é negociar. Negociando e pechinchando se consegue preços muito bons. Comprei matrioshkas, aquelas bonequinhas típicas russas. Uma peculiaridade sobre a Rússia é o péssimo nível de inglês dos russos, que é um aspecto generalizado. Na feirinha de artesanato, cujo principal alvo é turistas, o pessoal até falava um inglês básico, mas nada demais. Quando passávamos pelas barraquinhas, era comum ouvir os tiozinhos que queriam vender coisas gritando "I love you" para nós.
A tal feirinha do Islaylovo Market:
Voltamos ao hotel, descansamos e saímos para conhecer a noite moscovita. Pegamos o metrô para ir até o centro da cidade, onde íamos numa boate famosinha de Moscou chamada "Propaganda". O metrô de Moscou é sensacional. As estações são muito bonitas, obras de arte mesmo. A tal casa noturna era bem diferente, naquele estilo de música drum n bass que agrada tanto os europeus. Fiquei umas duas horas e voltei para a casa com um pessoal. Nosso táxi andou horrores e, mesmo assim, deu só 10 euros. Apesar de todos dizerem que Moscou é a cidade mais cara do mundo, eu não achei taaaao caro assim - talvez seja cara para outras coisas, né?
No dia seguinte, levantamos cedo para ver uma das principais atrações de Moscou, a tumba do Lênin. Para entrar lá, é uma grande complicação. De acordo com o que nossa guia repetiu à exaustão: "no big bags, no cameras, no cell phones". A fila para entrar na tumba dele é gigantesca, então chegamos cedo para garantir que íamos conseguir vê-lo. A tumba fica aberta todos os dias, sempre das 10h às 13h, então é bom não se atrasar. O esquema de segurança para entrar é relativamente forte. É necessário passar por um detector de metal na entrada e, além disso, lá dentro há guardas por todos os lados. É estranho ver o corpo do Lênin embalsamado. Parece que ele vai acordar a qualquer minuto. Fico me perguntando sobre como o corpo tem sido mantido tão bem preservado desde a morte dele, em 1924. A morte dele também é um treco um tanto misterioso. Parece que ele morreu em decorrência de uma série de derrames (sendo que, antes disso, ele tinha sido alvo de uma tentativa de assassinato). Mas lembro ter lido em algum lugar que, recentemente, foi descoberto que ele morreu de sífilis. Mas tudo bem, as causas da morte dele não interessam tanto. A questão é o que ele representa para a nação russa. O fato de o corpo dele estar há quase cem anos em exposição em pela Praça Vermelha é, para mim, uma tentativa de usar a figura dele para alcar o nacionalismo dos russos. Mas uma coisa que aconteceu quando estávamos em São Petersburgo me pareceu muito estranha: passávamos de ônibus pela estação de trens Finlândia, onde, antigamente, ficava uma grande estátua do Lênin. A questão é que a tal estátua tinha sido alvo de uma bomba algumas semanas antes de estarmos na cidade, e daí ficou com um buraco bem no meio. Quando passamos pelo lugar onde a tal estátua deveria estar, ela já tinha sido retirada. Mas o que eu estranhei mais o comentário da nossa guia de viagem quando passávamos por ali: "Ah, tudo bem, nós odiamos o Lênin". Não entendi o que ela quis dizer com isso. Talvez seja humor russo.
Amanha escrevo mais!
Beijos!
O Palácio de Inverno, antes de ser museu, era a residência oficial dos czares russos. São Petersburgo foi capital da Rússia por um bom tempo. Se não estou enganada, foi durante a Revolução de 1917 que a capital foi transferida para Moscou. Alguns eventos de extrema importância para a história russa tiveram lugar nesse palácio. Em 1905, o Domingo Sangrento aconteceu na Praça do Palácio, bem frente ao Palácio de Inverno. O Domingo Sangrento é um episódio em que centenas de militantes foram mortos em frente ao Palácio de Inverno for ordem de Nicolau II, o último czar. A questão é que eles estavam apenas fazendo algumas reivindicações de melhores condições de vida, mas sem nenhuma espécie de violência. Era um protesto completamente pacífico. Mas, mesmo assim, todos os protestantes foram fuzilados. Esse episódio tem uma importância significativa porque foi o que deu às massas russas um impulso para a revolução. Em 1917, quando tal revolução de fato aconteceu, o Palácio de Inverno passou a ser utilizado como sede do governo provisório soviete.
Algumas fotos da parte externa do Hermitage:
Agora falando um pouco sobre o museu em si... Ele é simplesmente demais! As salas onde as obras de arte estão expostas são muito bonitas, com lustres pendendo do teto, móveis bonitos e detalhes de ouro na decoração. Em cada um das salas há um tiazinha sentada. Muitas delas me pareceram estar dormindo. O trabalho delas, pelo que entendi, é simplesmente o de cuidar dos visitantes que visitam o museu, dizendo para ninguém se apoiar em móveis ou encostar nas pinturas. Para vocês terem uma ideia melhor, deem uma olhada nas seguintes fotos, que dão uma ideia básica do que é o interior do museu:
Como não tínhamos muito tempo no museu, não deu para ficar olhando todas as peças com cuidadinho. Tivemos que ir atrás de ver o que nos interessava. Vimos uma escultura do Michelangelo chamada "Crouching Boy", que é um dos destaques do museu. Vimos também duas pinturas do da Vinci. Muito bonitas. A primeira que vimos foi uma chamada "Madonna and child". A segunda era chamada "Madonna with a flower".
No segundo andar do Palácio de Inverno, onde fica a parte de arte mais recente (leia-se ente os séculos XIX e XX), vimos várias obras interessantes. Vimos "Dança" do Gauguin. Outra que eu também gostei de ter visto foi "Woman in a garden", do Monet. Além de todo esse arsenal de obras europeias, o museu também conta com uma coleção gigantesca de obras de arte russa, retratando praticamente todos os períodos da história do país.
Passamos umas três horas no Hermitage. No fim, estávamos tao cansados que só queríamos poder nos sentar em algum lugar e descansar. Ao sairmos do museu, entretanto, tivemos uma surpresa. Uma multidão de homens de farda estava reunida na Praça do Palácio, com uma banda tocando e, de quando em quando, eles marchavam de um lado ao outro da praça. Não entendemos bem o que estava acontecendo, mas a impressão que deu foi de que eles estavam fazendo uma espécie de treinamento para alguma apresentação importante que aconteceria nos próximos dias. Foi um momento muito Rússia. Imaginem, uma parada militar em frente ao Palácio de Inverno? Adoramos. Algumas fotinhas para ilustrar:
Depois disso, fomos a um café tentar nos esquentar. Enquanto estávamos lá, começou a nevar muuuuito. Ficamos um tempão no café até termos coragem de sair novamente. Quando saímos, decidimos ir visitar a Catedral de São Isaac, que fica ali pertinho e que é um dos principais símbolos da cidade de São Petersburgo. Infelizmente, ao chegar lá, desistimos por causa do mal tempo, que nos impediria de subir na cúpula da igreja para ter uma visão panorâmica da cidade. Na segunda-feira, quando voltamos a São Petersburgo, nós subimos.
Enfim, depois de alguns planos fracassados no final de nossa sexta-feira, corremos para nosso hotel e entramos no ônibus que nos levaria a Moscou, a 600 quilômetros dali. Nem preciso comentar o quao ruim foi nossa viagem. Ônibus lotado, todos muito cansados e, para piorar, uma estrada péssima. É uma vergonha que a estrada principal que liga as duas principais cidades da Rússia seja tao descuidada como vimos que é. Tinha horas em que, no meio da noite, todos do ônibus acordavam por causa dos solavancos. Era muito buraco.
No sábado de manhã chegamos em Moscou debaixo de forte chuva. Paramos na Praça Vermelha e, de lá, fomos para uma visita guiada. A praça é enorme e, certamente, um dos lugares mais incríveis em que já estive na vida. Segue uma fotinha - não minha, é claro! - para ilustrar a grandiosidade deste lugar:
Após darmos uma voltinha debaixo de chuva pela Praça, voltamos para o ônibus, todos molhados, para um city tour de duas horas de dentro do ônibus (ainda bem). Fomos andando e vendo os principais lugares do centro da cidade, os prédios do governo (inclusive o prédio onde, antigamente, funcionava a KGB e onde, atualmente, está localizado o Ministério da Defesa russo), diversas igrejas ortodoxas e, principalmente, estátuas de milhares de personalidades, cujos nomes agora eu não consigo lembrar, mas sei que eram, em sua maioria, de nomes das letras e da música russa, como o poeta Alexander Pushkin, escritores como Dostoievski e Tolstoi e o compositor russo Tchaikovsky, autor de obras incríveis como a ópera O Lago dos Cisnes. Além disso, a cidade está repleta de estátuas de heróis russos e, entre elas, figuram imagens de figuras ligadas ao comunismo, como Marx, Engels e, é claro, Lênin. Todas as estátuas do Stalin foram retiradas da cidade (se não me engano, também foram retiradas de todo país - não vi nenhum referência iconográfica a ele em nenhum dos lugares por onde andei na Rússia) e, hoje em dia, de acordo com o que nossa guia nos disse, elas podem ser encontradas num parque da cidade que é tipo um "cemitério de estátuas".
Passamos pelo estádio olímpico de Moscou, construído especialmente para as Olimpíadas de 1980, que aconteceram na cidade (e que foram boicotadas pelos EUA por causa da Guerra do Afeganistão, estão lembrados?). O hotel em que ficamos, por sinal, também foi construído especialmente para os Jogos Olímpicos daquelas ocasião. Fomos também ao prédio da Universidade de Moscou (ou Moscow State University - MSU). De acordo com nossa guia, cerca de 40 mil alunos estudam nessa universidade que, pelo que entendi, é uma das principais da Rússia. Aqui a foto do prédio da universidade, que visitei debaixo de muita chuva:
O prédio que sedia a MSU é um dos prédios chamados "As Sete Irmas de Stalin". São sete prédios espalhados por Moscou que foram construídos durante a era soviética e que são a mais pura demonstração da megalomania dos líderes soviéticos daquela época. Dos sete prédios, dois são hotéis, dois são usados pelo governo (um deles é o Ministério de Relações Exteriores, inclusive), dois são prédios residenciais e, por fim, o último deles é usado pela universidade. Parece que, no início, o projeto era de construir oito prédios, sendo que o oitavo deles ficaria em plena Praça Vermelha. Esse oitavo prédio, no final, acabou como um modesto presentinho para os cidadãos de Varsóvia e, hoje em dia, é onde está localizado o Palácio da Ciência e da Cultura na capital polonesa, sobre o qual falei em posts anteriores.
Depois do passeio pela cidade, em que todos estavam exaustos e muitos dormiram enquanto a guia falava, chegamos no nosso hotel. Perto dele, havia uma grande feira de artesanato chamada de Islaylovo Market. Decidimos ir para lá. Ali, o que vale é negociar. Negociando e pechinchando se consegue preços muito bons. Comprei matrioshkas, aquelas bonequinhas típicas russas. Uma peculiaridade sobre a Rússia é o péssimo nível de inglês dos russos, que é um aspecto generalizado. Na feirinha de artesanato, cujo principal alvo é turistas, o pessoal até falava um inglês básico, mas nada demais. Quando passávamos pelas barraquinhas, era comum ouvir os tiozinhos que queriam vender coisas gritando "I love you" para nós.
A tal feirinha do Islaylovo Market:
Voltamos ao hotel, descansamos e saímos para conhecer a noite moscovita. Pegamos o metrô para ir até o centro da cidade, onde íamos numa boate famosinha de Moscou chamada "Propaganda". O metrô de Moscou é sensacional. As estações são muito bonitas, obras de arte mesmo. A tal casa noturna era bem diferente, naquele estilo de música drum n bass que agrada tanto os europeus. Fiquei umas duas horas e voltei para a casa com um pessoal. Nosso táxi andou horrores e, mesmo assim, deu só 10 euros. Apesar de todos dizerem que Moscou é a cidade mais cara do mundo, eu não achei taaaao caro assim - talvez seja cara para outras coisas, né?
No dia seguinte, levantamos cedo para ver uma das principais atrações de Moscou, a tumba do Lênin. Para entrar lá, é uma grande complicação. De acordo com o que nossa guia repetiu à exaustão: "no big bags, no cameras, no cell phones". A fila para entrar na tumba dele é gigantesca, então chegamos cedo para garantir que íamos conseguir vê-lo. A tumba fica aberta todos os dias, sempre das 10h às 13h, então é bom não se atrasar. O esquema de segurança para entrar é relativamente forte. É necessário passar por um detector de metal na entrada e, além disso, lá dentro há guardas por todos os lados. É estranho ver o corpo do Lênin embalsamado. Parece que ele vai acordar a qualquer minuto. Fico me perguntando sobre como o corpo tem sido mantido tão bem preservado desde a morte dele, em 1924. A morte dele também é um treco um tanto misterioso. Parece que ele morreu em decorrência de uma série de derrames (sendo que, antes disso, ele tinha sido alvo de uma tentativa de assassinato). Mas lembro ter lido em algum lugar que, recentemente, foi descoberto que ele morreu de sífilis. Mas tudo bem, as causas da morte dele não interessam tanto. A questão é o que ele representa para a nação russa. O fato de o corpo dele estar há quase cem anos em exposição em pela Praça Vermelha é, para mim, uma tentativa de usar a figura dele para alcar o nacionalismo dos russos. Mas uma coisa que aconteceu quando estávamos em São Petersburgo me pareceu muito estranha: passávamos de ônibus pela estação de trens Finlândia, onde, antigamente, ficava uma grande estátua do Lênin. A questão é que a tal estátua tinha sido alvo de uma bomba algumas semanas antes de estarmos na cidade, e daí ficou com um buraco bem no meio. Quando passamos pelo lugar onde a tal estátua deveria estar, ela já tinha sido retirada. Mas o que eu estranhei mais o comentário da nossa guia de viagem quando passávamos por ali: "Ah, tudo bem, nós odiamos o Lênin". Não entendi o que ela quis dizer com isso. Talvez seja humor russo.
Amanha escrevo mais!
Beijos!