domingo, 26 de abril de 2009

Rússia - segunda parte

Continuando o relato de minha viagem à Rússia...

Na sexta-feira à tarde, após termos almoçado no Subway, continuamos nosso caminho pela Nevsky Prospekt até chegarmos ao museu Hermitage, que fica no final da rua, à beira do rio Neva. O Hermitage é um dos maiores museus do mundo, ficando localizado num grande complexo de seis prédios, dos quais o principal é o Palácio de Inverno. O museu foi concebido por Catarina, a Grande, e sua coleção é  gigantesca, reunindo mais de três milhões de peças, das quais só uma pequena porcentagem é mostrada ao público de cada vez. Como nosso tempo era curto, visitamos só a parte principal do museu, que é o Palácio de Inverno. Ali fica a parte principal do museu, com obras que incluem arte antiga (egípcia, romana e grega), arte medieval europeia, arte dos séculos XVI a XVIII (e daí há obras de arte de todos os lugares possíveis: tanto russas quanto francesas, inglesas, flamengas, entre tantas outras) e, por fim, arte mais recente, englobando o século XIX e o século XX, incluindo aí toda uma sessão de obras de Van Gogh, Monet, Picasso, Matisse, Gauguin, entre outras.

O Palácio de Inverno, antes de ser museu, era a residência oficial dos czares russos. São Petersburgo foi capital da Rússia por um bom tempo. Se não estou enganada, foi durante a Revolução de 1917 que a capital foi transferida para Moscou. Alguns eventos de extrema importância para a história russa tiveram lugar nesse palácio. Em 1905, o Domingo Sangrento aconteceu na Praça do Palácio, bem frente ao Palácio de Inverno. O Domingo Sangrento é um episódio em que centenas de militantes foram mortos em frente ao Palácio de Inverno for ordem de Nicolau II, o último czar. A questão é que eles estavam apenas fazendo algumas reivindicações de melhores condições de vida, mas sem nenhuma espécie de violência. Era um protesto completamente pacífico. Mas, mesmo assim, todos os protestantes foram fuzilados. Esse episódio tem uma importância significativa porque foi o que deu às massas russas um impulso para a revolução. Em 1917, quando tal revolução de fato aconteceu, o Palácio de Inverno passou a ser utilizado como sede do governo provisório soviete.

Algumas fotos da parte externa do Hermitage:



Agora falando um pouco sobre o museu em si... Ele é simplesmente demais! As salas onde as obras de arte estão expostas são muito bonitas, com lustres pendendo do teto, móveis bonitos e detalhes de ouro na decoração. Em cada um das salas há um tiazinha sentada. Muitas delas me pareceram estar dormindo. O trabalho delas, pelo que entendi, é simplesmente o de cuidar dos visitantes que visitam o museu, dizendo para ninguém se apoiar em móveis ou encostar nas pinturas. Para vocês terem uma ideia melhor, deem uma olhada nas seguintes fotos, que dão uma ideia básica do que é o interior do museu:




Como não tínhamos muito tempo no museu, não deu para ficar olhando todas as peças com cuidadinho. Tivemos que ir atrás de ver o que nos interessava. Vimos uma escultura do Michelangelo chamada "Crouching Boy", que é um dos destaques do museu. Vimos também duas pinturas do da Vinci. Muito bonitas. A primeira que vimos foi uma chamada "Madonna and child". A segunda era chamada "Madonna with a flower".

No segundo andar do Palácio de Inverno, onde fica a parte de arte mais recente (leia-se ente os séculos XIX e XX), vimos várias obras interessantes. Vimos "Dança" do Gauguin. Outra que eu também gostei de ter visto foi "Woman in a garden", do Monet. Além de todo esse arsenal de obras europeias, o museu também conta com uma coleção gigantesca de obras de arte russa, retratando praticamente todos os períodos da história do país.

Passamos umas três horas no Hermitage. No fim, estávamos tao cansados que só queríamos poder nos sentar em algum lugar e descansar. Ao sairmos do museu, entretanto, tivemos uma surpresa. Uma multidão de homens de farda estava reunida na Praça do Palácio, com uma banda tocando e, de quando em quando, eles marchavam de um lado ao outro da praça. Não entendemos bem o que estava acontecendo, mas a impressão que deu foi de que eles estavam fazendo uma espécie de treinamento para alguma apresentação importante que aconteceria nos próximos dias. Foi um momento muito Rússia. Imaginem, uma parada militar em frente ao Palácio de Inverno? Adoramos. Algumas fotinhas para ilustrar:




Depois disso, fomos a um café tentar nos esquentar. Enquanto estávamos lá, começou a nevar muuuuito.  Ficamos um tempão no café até termos coragem de sair novamente. Quando saímos, decidimos ir visitar a Catedral de São Isaac, que fica ali pertinho e que é um dos principais símbolos da cidade de São Petersburgo. Infelizmente, ao chegar lá, desistimos por causa do mal tempo, que nos impediria de subir na cúpula da igreja para ter uma visão panorâmica da cidade. Na segunda-feira, quando voltamos a São Petersburgo, nós subimos.

Enfim, depois de alguns planos fracassados no final de nossa sexta-feira, corremos para nosso hotel e entramos no ônibus que nos levaria a Moscou, a 600 quilômetros dali. Nem preciso comentar o quao ruim foi nossa viagem. Ônibus lotado, todos muito cansados e, para piorar, uma estrada péssima. É uma vergonha que a estrada principal que liga as duas principais cidades da Rússia seja tao descuidada como vimos que é. Tinha horas em que, no meio da noite, todos do ônibus acordavam por causa dos solavancos. Era muito buraco.

No sábado de manhã chegamos em Moscou debaixo de forte chuva. Paramos na Praça Vermelha e, de lá, fomos para uma visita guiada. A praça é enorme e, certamente, um dos lugares mais incríveis em que já estive na vida. Segue uma fotinha - não minha, é claro! - para ilustrar a grandiosidade deste lugar:


Após darmos uma voltinha debaixo de chuva pela Praça, voltamos para o ônibus, todos molhados, para um city tour de duas horas de dentro do ônibus (ainda bem). Fomos andando e vendo os principais lugares do centro da cidade, os prédios do governo (inclusive o prédio onde, antigamente, funcionava a KGB e onde, atualmente, está localizado o Ministério da Defesa russo), diversas igrejas ortodoxas e, principalmente, estátuas de milhares de personalidades, cujos nomes agora eu não consigo lembrar, mas sei que eram, em sua maioria, de nomes das letras e da música russa, como o poeta Alexander Pushkin, escritores como Dostoievski e Tolstoi e o compositor russo Tchaikovsky, autor de obras incríveis como a ópera O Lago dos Cisnes. Além disso, a cidade está repleta de estátuas de heróis russos e, entre elas, figuram imagens de figuras ligadas ao comunismo, como Marx, Engels e, é claro, Lênin. Todas as estátuas do Stalin foram retiradas da cidade (se não me engano, também foram retiradas de todo país - não vi nenhum referência iconográfica a ele em nenhum dos lugares por onde andei na Rússia) e, hoje em dia, de acordo com o que nossa guia nos disse, elas podem ser encontradas num parque da cidade que é tipo um "cemitério de estátuas".

Passamos pelo estádio olímpico de Moscou, construído especialmente para as Olimpíadas de 1980, que aconteceram na cidade (e que foram boicotadas pelos EUA por causa da Guerra do Afeganistão, estão lembrados?). O hotel em que ficamos, por sinal, também foi construído especialmente para os Jogos Olímpicos daquelas ocasião. Fomos também ao prédio da Universidade de Moscou (ou Moscow State University - MSU). De acordo com nossa guia, cerca de 40 mil alunos estudam nessa universidade que, pelo que entendi, é uma das principais da Rússia. Aqui a foto do prédio da universidade, que visitei debaixo de muita chuva:



O prédio que sedia a MSU é um dos prédios chamados "As Sete Irmas de Stalin". São sete prédios espalhados por Moscou que foram construídos durante a era soviética e que são a mais pura demonstração da megalomania dos líderes soviéticos daquela época. Dos sete prédios, dois são hotéis, dois são usados pelo governo (um deles é o Ministério de Relações Exteriores, inclusive), dois são prédios residenciais e, por fim, o último deles é usado pela universidade. Parece que, no início, o projeto era de construir oito prédios, sendo que o oitavo deles ficaria em plena Praça Vermelha. Esse oitavo prédio, no final, acabou como um modesto presentinho para os cidadãos de Varsóvia e, hoje em dia, é onde está localizado o Palácio da Ciência e da Cultura na capital polonesa, sobre o qual falei em posts anteriores.

Depois do passeio pela cidade, em que todos estavam exaustos e muitos dormiram enquanto a guia falava, chegamos no nosso hotel. Perto dele, havia uma grande feira de artesanato chamada de Islaylovo Market. Decidimos ir para lá. Ali, o que vale é negociar. Negociando e pechinchando se consegue preços muito bons. Comprei matrioshkas, aquelas bonequinhas típicas russas. Uma peculiaridade sobre a Rússia é o péssimo nível de inglês dos russos, que é um aspecto generalizado. Na feirinha de artesanato, cujo principal alvo é turistas, o pessoal até falava um inglês básico, mas nada demais. Quando passávamos pelas barraquinhas, era comum ouvir os tiozinhos que queriam vender coisas gritando "I love you" para nós.

A tal feirinha do Islaylovo Market:

Voltamos ao hotel, descansamos e saímos para conhecer a noite moscovita. Pegamos o metrô para ir até o centro da cidade, onde íamos numa boate famosinha de Moscou chamada "Propaganda". O metrô de Moscou é sensacional. As estações são muito bonitas, obras de arte mesmo. A tal casa noturna era bem diferente, naquele estilo de música drum n bass que agrada tanto os europeus. Fiquei umas duas horas e voltei para a casa com um pessoal. Nosso táxi andou horrores e, mesmo assim, deu só 10 euros. Apesar de todos dizerem que Moscou é a cidade mais cara do mundo, eu não achei taaaao caro assim - talvez seja cara para outras coisas, né?

No dia seguinte, levantamos cedo para ver uma das principais atrações de Moscou, a tumba do Lênin. Para entrar lá, é uma grande complicação. De acordo com o que nossa guia repetiu à exaustão: "no big bags, no cameras, no cell phones". A fila para entrar na tumba dele é gigantesca, então chegamos cedo para garantir que íamos conseguir vê-lo. A tumba fica aberta todos os dias, sempre das 10h às 13h, então é bom não se atrasar. O esquema de segurança para entrar é relativamente forte. É necessário passar por um detector de metal na entrada e, além disso, lá dentro há guardas por todos os lados. É estranho ver o corpo do Lênin embalsamado. Parece que ele vai acordar a qualquer minuto. Fico me perguntando sobre como o corpo tem sido mantido tão bem preservado desde a morte dele, em 1924. A morte dele também é um treco um tanto misterioso. Parece que ele morreu em decorrência de uma série de derrames (sendo que, antes disso, ele tinha sido alvo de uma tentativa de assassinato). Mas lembro ter lido em algum lugar que, recentemente, foi descoberto que ele morreu de sífilis. Mas tudo bem, as causas da morte dele não interessam tanto. A questão é o que ele representa para a nação russa. O fato de o corpo dele estar há quase cem anos em exposição em pela Praça Vermelha é, para mim, uma tentativa de usar a figura dele para alcar o nacionalismo dos russos. Mas uma coisa que aconteceu quando estávamos em São Petersburgo me pareceu muito estranha: passávamos de ônibus pela estação de trens Finlândia, onde, antigamente, ficava uma grande estátua do Lênin. A questão é que a tal estátua tinha sido alvo de uma bomba algumas semanas antes de estarmos na cidade, e daí ficou com um buraco bem no meio. Quando passamos pelo lugar onde a tal estátua deveria estar, ela já tinha sido retirada. Mas o que eu estranhei mais o comentário da nossa guia de viagem quando passávamos por ali: "Ah, tudo bem, nós odiamos o Lênin". Não entendi o que ela quis dizer com isso. Talvez seja humor russo.

Amanha escrevo mais!

Beijos!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Rússia - primeira parte

Bom, amigos, finalmente darei início ao relato sobre minha viagem à Rússia. Peçlo desculpas antecipadas porque acho que vou escrever demais. Mas, se tiverem paciência, leiam até o final. Essa viagem foi uma das mais interessantes que já fiz e as coisas que aprendi com ela foram muitas. Ficarei feliz em poder compartilhar com outras pessoas todos os meus aprendizados.

Enfim... Na quarta-feira, 15 de abril, fomos até a Viking Line, em Estocolmo, pegar o barco que nos levaria até a Finlândia, de onde nossa viagem até a Rússia iniciaria. O barco fez uma viagem noturna desde Estocolmo até Turku, cidade que fica bem no sul da Finlândia. Era um barco gigantesco, com free shop, restaurantes, pubs e com cabines muito confortáveis para dormir. Deu para perceber algumas peculiaridades sobre a Finlândia durante nossa estadia no barco. A principal delas é a de que o finlandês é uma língua completamente diferente das outras línguas escandinavas. O sueco, o dinamarquês e o norueguês são todos muito parecidos, mas o finlandês é um mistério total. Totalmente diferente de qualquer outra língua que eu já tenho ouvido/ lido. Outra coisa que percebi é que existe uma espécie de preconceito na Escandinávia em relação aos finlandeses. Não sei exatamente o motivo de tal preconceito, mas uma amiga me disse que, numa janta de suecos da qual participou, foram comentados os resultados de uma pesquisa que perguntava aos escandinavos em qual outro país escandinavo eles morariam. Quase nenhum sueco, dinamarquês ou norueguês respondeu que moraria na Finlândia. Acho que tal preconceito não está relacionado apenas à questão da língua, mas principalmente ao fato de a Finlândia ter estado sob influência dos russos/soviéticos por um bom tempo, enquanto a Escandinávia manteve-se fora de tal influência.

Mas enfim... Chegamos em Turku bem cedinho e fomos direto para os ônibus nos quais passaríamos a maior parte da nossa viagem. E nao eram ônibus confortáveis como os brasileiros, não. Eram apertados, sem espaço para as pernas e, para piorar, os dois ônibus que reuniam o pessoal da viagem estavam completamente lotados. Deixando as coisas ainda piores, meu ônibus tinha 40 espanhóis (num total de 64 pessoas), o que tornou a situação ainda mais desagradável, visto que eles eram muito barulhentos e chatos.

Mas falando do que realmente interessa... Andamos umas quatro ou cinco horas até chegar na fronteira entre Finlândia e Rússia... Deu um medão de não poder passar, mas passamos. O esquema de segurança é bastante forte. Tivemos que mostrar nossos vistos tanto na fronteira finlandesa quanto na russa. Entre as duas fronteiras, há um espaço de terra muito "no man´s land", porque, pelo que entendi, não pertence a nenhum dos países. Não sei como isso é possível, mas whatever. Ao entrar em solo russo, já se percebe uma grande diferença em relação à Finlândia. Há muito lixo na beira da estrada, por exemplo, o que não é nada impressionante para uma brasileira como eu, mas deixou vários dos europeus do ônibus completamente impressionados pelo "desrespeito à natureza".

Chegar na Rússia de ônibus é uma experiência bem diferente do que chegar de avião, creio eu. Pudemos ver toda a pobreza do interior e das zonas suburbanas. Prédios caindo aos pedaços, estradas mal cuidadas, paisagens feias. A geografia russa, então, nem me fale. Horrível. Não sei bem como é o termo em linguagem geográfica, mas é uma vegetação contínua e alta, meio seca por causa do inverno, e muito depressiva, ainda mais porque tal vegetação se estende por todo o caminho. Por um lado, não foi tao ruim assim, porque daí pudemos dormir enquanto viajávamos. Não teve aquela coisa de "não vou dormir para ficar acordada para ver a paisagem". Ainda bem, porque eu já estava cansada. E a viagem nem tinha começado ainda!

Chegamos em São Petersburgo no final de quinta-feira. Ficamos num hotel que ficava um pouco distante do centro da cidade. Não muuuuito distante, mas também não no centro. Ficava numa área mais residencial, cheia daqueles edifícios horríveis no estilo caixa de fósforo da época do Stalin. Nesta primeira noite, não saímos porque estávamos todos muito cansados. Fomos no mercado comprar janta e era isso. No mercado, nos deparamos com o principal enigma da Rússia: o alfabeto cirílico. Totalmente incompressível. E é aí que tu começas a ver o quão diferentes os russos são de nós. Só o fato de ter um alfabeto diferente já os coloca em uma esfera diferente da nossa.

Na sexta-feira, tínhamos o dia inteiro para passear. Então fomos à luta. De manha, decidimos ir ao centro da cidade e, se tivéssemos tempo, iríamos visitar o museu Hermitage durante a tarde. Mas como nosso hotel era longe do centro, decidimos pegar o metrô. Que loucura. O metrô de São Petersburgo é o mais profundo do mundo, tu ficas uns três minutos na escada rolante até chegar na estação onde se pega os trens. E é muito rápido também. Tu não ficas mais do que dois minutos esperando por ele. E está quase sempre lotado. As estações são todas muito bonitas, em geral decoradas com esculturas. Deem uma olhadinha em uma das poucas fotos que consegui tirar lá:


Enfim, pegamos o metrô e paramos em Nevsky Prospekt, a principal rua de São Petersburgo e, pelo que ouvi dizer, a rua mais conhecida de toda a Rússia - eu lembrava de ter lido sobre ela quando li livros do Dostoievski. Andando por essa rua, fiquei muito com a impressão de que São Petersburgo não é uma cidade que representa integralmente a cultura russa. Todos dizem que é a cidade mais europeizada do país, e eu realmente acredito que seja. Me pareceu uma cidade europeia como qualquer outra (é claro que com suas particularidade e magias, né!).

Fomos andando pela rua e vendo muitas coisas interessantes. A estátua de Catarina, a Grande, foi uma das primeiras coisas interessantes que vimos. Catarina, a Grande (ou Catarina II) foi uma das maiores imperatrizes russas, tendo vivido no século 18. Durante os anos em que governou o país, a Rússia se expandiu consideravelmente e, além disso, ela foi uma grande incentivadora das artes, tendo feito parte daquele grupo dos déspotas esclarecidos que faziam amizades com grandes pensadores e escritores. Além disso, ela possuía uma grande coleção de arte, a qual deu origem ao atual museu Hermitage, do qual falarei mais tarde. Durante o reinado de Catarina II, a Rússia passou pelo momento em que seus nobres tiveram mais poder. Ok, isso tudo fez com que as artes e a cultura se desenvolvessem, mas os pobres ainda existiam, e em grande número (ainda existem, na verdade). Isso, uns séculos depois, durante o reinado do último czar, Nicolau II, acabaria levando à Revolução Russa.

No nosso passeio pela Nevsky Prospekt também passamos pelo teatro Alexandrinsky, que fica pertinho da estátua da Catarina II e, seguindo nosso caminho, chegamos bem no centrão da cidade, onde fica a catedral Kazan. É uma igreja ortodoxa, como a maioria das igrejas russas, já que essa é a religião oficial do país, se não me engano. Para entrar em uma igreja ortodoxa, as mulheres precisam cobrir suas cabeças e os homens devem descobri-las. Ao entrar lá, vimos uma celebração ortodoxa que foi uma das coisas mais interessantes que já vi. A igreja em si era maravilhosa. O altar principal não ficava no centro, mas do lado esquerdo da igreja, e não havia nenhuma espécie de banco para os fiéis sentarem. Os padres ficavam mais ou menos no meio da igreja, virados para o altar principal, e os fiéis se juntavam ao redor dos padres, também virados para o tal altar. A missa inteira é cantada e, pelo que ouvi dizer, dura três horas. As pessoas faziam reverências para o altar de quando em quando e, além disso, faziam o sinal da cruz várias vezes, só que ao contrário. Sabem como é o sinal da cruz, né? "Pai, filho e espírito santo". Para nós, quando se fala "espírito santo", primeiro colocamos nossa mão direita em nosso ombro esquerdo e, depois, no direito. Eles faziam ao contrário, começando pelo direito. Estranho, mas muito interessante.

Falando um pouco sobre a religião ortodoxa... Queria muito saber as diferenças entre ela e a religião católica apostólica romana, que é a nossa. Sei que a religião ortodoxa tem uma ligação direta com a religião de Constantinopla  e é por causa disso que a maior parte de seus adeptos está geograficamente localizada em países como Rússia, Grécia, Romênia, entre outros. A história da religião ortodoxa na Rússia tem algumas particularidades muito interessantes, como, por exemplo, o fato de ter passado por um campanha de repressão durante os anos do Stalin.

Um aspecto da religião ortodoxa que me chamou muito a atencao é o formato de sua cruz. A parte vertical de cima é uma menção àquela plaquinha que colocaram na cruz de Cristo dizendo alguma coisa no estilo "Jesus de Nazaré, rei dos judeus". A parte inclinada de baixo tem uma explicação um pouco mais confusa. De acordo com o que a guia de viagens nos disse em Moscou, tem a ver com o fato de Jesus ter sido crucificado juntamente de dois ladroes, e um deles se arrependeu, tendo ido para o céu, e o outro continuou sendo insolente, e daí foi para o inferno. Mas a Wikipédia diz que é por outros motivos. Um deles seria o fato de Jesus ter tido um apoio para os pés quando estava na cruz. Não sou uma grande expert em religiões, e o assunto em si nao me interessa muito, mas eu achei essas particularidades da cruz ortodoxas interessantes de mencionar.

Após sair da catedral Kazan, fomos para uma outra igreja ortodoxa, uma das mais conhecidas de São Petersburgo, a Igreja do Salvador no Sangue Derramado ou Igreja da Ressurreição de Cristo. A igreja foi construída no exato lugar onde o czar Alexandre II foi assassinado, no final do século 19. Demorou 24 anos para ser construída e 27 anos para restaurada (a tal restauração aconteceu no finalzinho do século 20). O interior da igreja (cuja entrada é paga) é completamente construído por mosaicos. É muito legal. Deem uma olhada na parte exterior dela aqui - tenho certeza de que vocês reconhecerão na hora:



Bom, depois de termos visto a igreja, almoçamos no Subway (já que ficamos com preguica de procurar um restaurante russo) e, em seguida, fomos ao Hermitage. Mas daí deixo a continuação para outro post, pois terei muita coisa para falar sobre este museu.

Beijos!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Estocolmo

Caros amigos leitores, preparem-se para uma série de posts bastante longos. Recém voltei de minha viagem à Rússia, tendo passado, no caminho para ela, por Estocolmo, capital da Súecia, e por algumas cidades da Suécia. Tenho muita, mas muitas coisa mesmo para contar, então vamos lá!

Mas comecemos pelo começo... Antes de ir à Rússia, decidi passar dois dias em Estocolmo, gloriosa e lindíssima capital daqui da Suécia. Para ir até lá, pegamos um super trem, tri moderno e rapidão, que nos levou até lá em questão de quatro horas. Muito eficiente (e nada barato, por sinal - custou cerca de 50 euros!). Chegando lá, fomos direto para nosso hostel, onde deixamos nossas malas. O hostel foi mais um da série hostels inusitados da minha vida. Ficava localizado em um antigo barco, e não era um barco muuuuito grande não. Mas tudo bem, eu ia dormir só uma noite por lá mesmo, então não fazia diferença o lugar onde me hospedaria.

Após deixarmos nossas malas no hostel, fomos passear pela cidade. Estocolmo é a sede política da Suécia e, de acordo com a Wikipédia, é residência para 21% da população sueca, o que não me surpreende em nada. No caminho desde Lund até Estocolmo, vimos muitos lugares e pequenas cidades, mas nenhuma super cidadezona como aquelas às quais me acostumei a ver no Brasil. A geografia do país também vai mudando conforme se vai indo para o norte. Aqui em Skåne, regiao onde fica Lund, a geografia é mais parecida com a da Dinamarca, uma planície sem fim com campos verdes e moinhos de energia eólica no horizonte. Conforme se vai ao norte do país, a paisagem vai mudando para uma maior quantidade de florestas. Mas vejam bem, não são aquelas florestas exuberantes com as quais nos acostumamos no Brasil. São coníferas mesmo.

Estocolmo, além disso, é uma cidade onde se pode ver água por absolutamente todos os lados. É um arquipélago formado por 11 ilhas, se não estou enganada. Na verdade, a cidade é apenas uma parte de um arquipélago maior, que é composto por mais de 30 mil ilhas (!). Então, nosso hostel ficava perto da principal ilha da cidade, que é a da cidade velha (a maior e mais bem conservada cidade velha da Europa, de acordo com o brochure que peguei no tourist information daqui de Lund antes de viajar), também chamada Gamla Stan. Essa ilha é o coração de Estocolmo. Várias ruelas com lojas e restaurantes charmosinhos, igrejas por todos os lados e, principalmente, o palácio dos monarcas suecos.

Deem uma olhadinha para ter uma ideia do quão linda é esta região de Gamla Stan:

Pena que estava nublado quando estávamos lá!

É incrível a importância que a família real sueca tem no país. Por todos os lados tu vês fotos da Rainha Sílvia (que tem ascendência brasileira, para os que não sabiam!) e da Princesa Victoria, que está de casamento marcado para o ano que vem e cujo rosto simplesmente não sai das capas das revistas de fofocas daqui. Como ela é a filha mais velha da família real, ela vai ser a próxima rainha do país. Aqui não existe aquele esquema de que só homens podem suceder-se no trono e blá blá blá. A Suécia não é um país nem um pouco machista. Na verdade, é até interessante falar sobre a composição política do país em termos de gênero. Se não estou enganada, o parlamento sueco é composto por uma quantidade absurda de mulheres, que supera 50%, se não estou enganada. Há uma lei que obriga a existência de, no mínimo, 40% de mulheres no parlamento. Acho isso muito interessante. Nada de mulheres submissas aqui.

Enfim, voltando a falar da família real: eles estão em todos os lugares. Nos postais, nos posteres, nos restaurantes, nos cafés... Mas tudo bem... O palácio real em Gamla Stan é muito legal, mas achei o de Copenhagen mais legal. Vimos a troca da guarda e tudo o mais, nada muito impressionante. Seguimos caminhando. Na verdade, fiquei com a impressão de que, nessa parte da cidade, tudo gira em torno da monarquia. É estátua de antigos reis para todos os lados (em especial do tal rei Gustaf III, que teve grande importância para o país por ter sido um grande incentivador das artes e tudo o mais). Acabamos não entrando no palácio real por causa dos preços exorbitantes. Quem sabe numa próxima ocasião, quando eu tiver mais dinheiro!

Depois de andarmos por Gamla Stan, almocamos num restaurante em Stortoget, uma das pracas principais da ilha, onde fica localizado o Museu do Nobel, no qual nao entrei (e estou arrependida por isso). Depois do almoco, seguimos para a prefeitura de Estocolmo, onde, todos os anos, sao entregues os prêmios do Nobel. O único Nobel que nao é entregue ali é o da paz, que fica a cargo de Oslo. O prédio da prefeitura é relativamente novo, do início do século XX, e a vista da cidade que se tem dele é simplesmente maravilhosa. O Nobel é entregue na Suécia por causa do cientista Alfred Nobel, inventor do dinamite e sueco de nascenca. Vocês sabiam que só existem cinco prêmios Nobel? Sao eles: física, química, medicina, literatura e paz. Também há um prêmio para achievements na área da economia, mas ele é dado pelo Banco Central Sueco "em memória de Alfred Nobel". Interessante, nao? Até hoje nenhum brasileiro ganhou um Nobel. Quem sabe um dia, né?

O prédio da prefeitura, uma das visões mais conhecidas de Estocolmo:

E a vista da cidade que se tem de lá:

Lindo, né?

Enfim, continuamos andando e fomos para um bairro mais moderninho de Estocolmo, onde há uma rua principal com muitas lojas de grifes famosas e uma praça com um obelisco de vidro, onde uma gurizada estava reunida e onde, de acordo com o professor de uma das minhas cadeiras daqui de Lund (!), se pode comprar drogas ilegalmente. Depois do passeio, voltamos ao hostel para dormir.

A praça do obelisco de vidro:

No dia seguinte, passeamos por um outro bairro da cidade, um que fica ao sul de Gamla Stan. É um bairro moderninho e bonitinho, com galerias de arte e muitas igrejas no horizonte. Andamos o dia inteiro e, depois, pegamos o metrô para ir até uma outra parte da cidade, desta vez ao norte de Gamla Stan. Ali, entramos numa espécia de mercado público e almoçamos. Comi almôndegas com purê de batata, prato típico sueco. E depois fomos caminhando de volta para nosso hostel para pegar nossa bagagens. De lá, às 18h, tínhamos um encontro na Viking Line, terminal com barcos que vao desde Estocolmo até a Finlândia diariamente (eu acho). Ali encontramos com o restante do pessoal que iria para a Rússia. E o resto fica para o próximo post.

Minhas impressões sobre Estocolmo: é uma cidade absolutamente fantástica e, o melhor de tudo, muito cosmopolita. Aqui em Lund sempre tenho a impressão de que todos são iguais, pois aqui não há muitas pessoas diferentes do padrão loiro de olhos azuis dos suecos. Em Estocolmo é outro esquema. Muitas pessoas completamente diferentes. A Suécia é um dos países que mais recebem imigrantes no mundo, sabiam? Em outras épocas, imigrantes que vinham aqui trabalhar e, mais recentemente, refugiados de zonas de guerra. Talvez seja isso que dê o caráter cosmopolita à cidade. Além disso, a cidade respira um ar monárquico que eu achei muito legal. Acho que teria gostado mais de ter ido para Estocolmo do que para Lund. Mas tudo bem.

Até logo!

domingo, 12 de abril de 2009

Noruega

Vamos lá! Agora venho aqui falar um pouquinho sobre minha viagem de três dias à Noruega...

Fiquei lá desde a quinta-feira santa até ontem, sábado de páscoa. Peguei o avião no aeroporto de Copenhagen na quinta-feira de manhã bem cedo. Nunca vi um aeroporto tão lotado na minha vida. Loucura total, sendo que eu cheguei faltando menos de uma hora para o embarque. Tive que fazer o check in naquelas máquinas de check in on line. Ainda bem que tive tal ideia, senão jamais teria conseguido embarcar a tempo.

Eu e minha amiga Ana chegamos em Bergen às 9h30 da manha. Bergen é uma das cidades mais chuvosas do mundo, em função do fato de ficar totalmente cercada por montanhas, então não nos surpreendemos quando, ao chegar no aeroporto, vimos uma forte neblina cobrindo as tais montanhas e uma leve garoa caindo. Além disso, Bergen é a segunda maior cidade da Noruega, com uma população de mais ou menos 250 mil habitantes. Menor que Caxias, portanto. Mas nada surpreendente para os padrões noruegueses. A Noruega tem uma das menores densidades demográficas da Europa e a capital, Oslo, tem uma população muuuuito pequena (pelo menos em comparação a outras capitais europeias): um pouco mais que 500 mil habitantes.

Alguns outros fatos sobre a Noruega: o país faz parte da OTAN (tendo sido um dos membros fundadores), mas não faz parte da União Europeia. Talvez por causa disso nos foi feito um monster interrogatório ao chegar no aeroporto de Bergen, no estilo quem tu és, o que fazes aqui, o que fazes na Europa em geral, e blá blá blá, o que incluiu até colocar uns cachorros enormes para nos revistar.

A Noruega liderou o ranking do IDH mundial desde 2001 até 2006, e hoje em dia ela está empatada em primeiro lugar com a Islândia. O custo de vida no país é muuuuito alto. Os noruegueses ganham muito bem, mas também pagam uma das maiores cargas tributárias do mundo. Acho que essa é uma característica daqui da Escandinávia: cargas tributárias enormes, mas ótimos serviços providenciados pelo governo em troca disso.

Enfim, chegamos em Bergen e éramos, literalmente, as únicas almas vivas andando pela cidade. Quinta-feira era o primeiro dia do feriadão de páscoa, que vai até segunda-feira lá. Então imaginem, não tinha absolutamente ninguém lá quando chegamos. E tudo absolutamente fechado. Começou a bater uma preocupação sobre onde comprar comida, onde trocar dinheiro e tudo o mais, mas logo tudo se resolveu. A Noruega é muito organizada, então não tivemos absolutamente nenhum problema. Colocamos as mochilas num locker na estação central de trem, pegamos dinheiro no caixa eletrônico e fomos passear. Por sorte, não tinha mais chuva. Olhem a cena curiosa que vimos enquanto ainda estávamos na estação central de trem:


Um bando de tiosinhos prontos para fazer uma caminhada na neve, pelo visto! Muito fofos!

Mas vamos lá! Bergen é absolutamente linda. A cidade é muito antiga, tendo feito parte da antiga Liga Hanseática. Para aqueles que lembram das aulas de história, a Liga era uma espécie de organização de comércio entre várias cidades europeias na Idade Média. Como Bergen fica no litoral, a cidade acabou fazendo parte da Liga, tendo exportado peixes, peles e outros artigos que agora esqueci. O porto de Bergen ainda é um dos mais importantes da Noruega. A parte mais conhecida da cidade se chama Bryggen, que é um conjunto de casinhas de madeira muito bonitinhas (e totalmente tortas, by the way), onde as mercadorias que antigamente eram exportadas ficavam armazenadas. Hoje em dia, as tais casinhas guardam lojas e restaurantes. É uma região muito charmosa da cidade. Para terem ideia do quão tortas são as casinhas de madeira, deem uma olhada:



Bergen inteira é muito charmosinha. As casas são, em sua maioria, construídas de madeira, naquele estilo típico norueguês que a gente vê nos livros. Um amor. Outra curiosidade sobre Bergen é que ela foi capital da Noruega entre os séculos 12 e 13, antes do rei se mudar para Oslo. Btw, a Noruega até hoje é uma monarquia, mas é aquele esquema de sempre, os monarcas não apitam nada, mas servem para manter o nacionalismo e tudo o mais... E outra: sabiam que a Noruega é uma grande exportadora de petróleo? Eu não sabia, então fiquei impressionada quando soube, porque sempre achei que a economia deles se baseada em pesca e blá blá blá... Tão bom aprender coisas novas em viagens!

Infelizmente, não pudemos visitar os muitos museus da cidade, porque tudo estava fechado. Então ficamos caminhando pelas ruelas e, para nossa sorte, o sol apareceu. Comemos no McDonalds, o que foi uma certa idiotice, porque o preço desse tipo de comida na Escandinávia é muito inflacionado, o que pode ser comprovado pelo fato de a Noruega sempre estar na lista de países nos quais o Big Mac é mais caro, de acordo com o índice Big Mac. Mas isso é muito bom, por um lado, porque é um incentivo para as pessoas comerem direito. Talvez seja por isso que a expectativa de vida na Escandinávia é tal alta.

Enfim, no final do dia fomos ao nosso hostel. Tivemos que pegar ônibus para ir até lá, mas tudo deu muito certo, chegamos tranquilas e o hostel em si era super confortável. Ficava em cima de uma das montanhas que cercam a cidade, então tivemos uma vista maravilhosa de lá. O café da manha estava incluído nos quase 25 euros que pagamos de diária (saudades da Polônia nessas horas!), então não tenho do que reclamar.

Na sexta-feira santa, acordamos muuuuuuuito cedo para ir no passeio mais legal ever, o Norway in a Nutshell. Pagamos 100 euros cada um pelo passeio, mas foi muito válido. Faria de novo se pudesse. Às 8h40 da manha, pegamos um trem que, em mais ou menos uma hora e meia de viagem, nos levou até a pequena (mas grande para os padrões noruegueses) cidade de Voss. O caminho do trem em si já é maravilhoso, vai ladeando uma regiao já com fiordes e tudo o mais. Em Voss, pegamos um ônibus que nos levou até Gudvangen, cidadezinha onde paramos, compramos souvenirs e, depois, pegamos o barco que nos levou pelo meio do Naeroyfjord, o fiorde mais estreito da Noruega e um dos mais visitados. A paisagem deste passeio é um negócio absolutamente espetacular. Tu vais andando pelo meio dos fiordes e vendo aquelas montanhas, picos nevados, nuvens baixas, lugarejos no meio do nada, entre tantas outras coisas lindas. Um monte de passarinhos vieram acompanhando nosso barco, deixando a viagem um pouco mais barulhenta, mas tudo bem. No mais, tu não ouves nenhum barulho além da conversa das pessoas, é uma paz... Totalmente diferente do meu dia-a-dia de correrias e loucuras.

Além disso, ao contrário do que várias pessoas disseram, não congelei no barco. Ele vai a 80 km/h, o que realmente bem rápido, mas eu acho que estava tao agasalhada que nem senti tanto o frio. E a vista era tão fantástica que eu não ia ficar pensando no frio que estava sentindo, né! Deem uma olhadinha no quão linda era a paisagem:


Após duas horas de passeio no barco, chegamos em Flåm, uma cidadezinha de 450 habitantes que, acredito, vive do turismo. Ali há vários restaurantes e lojinhas de souvenirs. Paramos por uma hora para o almoco e, depois, continuamos viagem pela Flåm Line, uma estrada de trem que vai pelo meio das montanhas. É simplesmente fantástico. É incrível ver as pessoas vivendo no meio do nada, em lugarejos mínimos no meio das montanhas. Fala-se que as pessoas desses lugarejos vivem mais. Que dúvida, né! Em pleno contato com a natureza, longe do stress do mundo capitalista e da junk food das grandes cidades... Assim qualquer um vive mais, né!

O trem que nos levou pelo passeio na Flam Line:


O passeio pela Flåm Line ficou em nível de igualdade em relação ao passeio de barco pelo fiorde. Os dois foram simplesmente sensacionais. A Flåm Line possui vinte túneis, sendo que 18 deles foram construídos totalmente à mão, sem ajuda de máquinas ou explosivos. Imaginam isso? A área é de acesso muito difícil, e os invernos são muito rigorosos na Noruega, então deve ter sido realmente uma loucura a construção dessa estrada. Mas tudo bem, hoje em dia ela está lá para fornecer às pessoas um dos passeios mais fantásticos, pelo menos para quem gosta de natureza e de paisagens naturais. Eu não sou tao fã assim, gosto muito mais de ver cidades e história e tal, mas, mesmo assim, achei imbatível. A Noruega é certamente um dos lugares mais lindos que já visitei. Entra para meu top 5 desde já!

O passeio termina quando a Flåm Line alcança a "cidade" de Myrdal. Dali, pegamos um trem de volta até Bergen. Fiquei triste comigo mesma por não ter prestado muita atenção na paisagem na volta. É que o trem era tão, mas tão confortável, que eu não consegui me manter acordada por toda a viagem de volta.

Por fim, no sábado pegamos chuva em Bergen. Ia ser sorte demais não pegarmos uma gota de chuva numa das cidades mais chuvosas do mundo. Então nem fizemos nada demais, fomos direto para o aeroporto.

Bergen não é aquele tipo de cidade que tem milhares de atrações. Dá para conhecer bem em dois dias. E à pé. Em suma, minha percepção sobre a viagem à Noruega é que é muito uma viagem para relaxar. Nada de stress, porque tudo funciona tao bem que tu não precisas te preocupar com absolutamente nada. Conhecer o país de IDH número 1 no mundo é uma grande experiência. Mas é como eu disse: não há tanta história quanto em outros países, como a Polônia, por exemplo. Os noruegueses se orgulham muito do passado viking, então há milhares de souvenirs de barquinhos, miniaturas de vikings, livros sobre mitologia nórdica, entre outras coisas. Mas é uma viagem para quem quer ver natureza. E vale muito a pena. Recomendo infinitamente!

Beijos!

domingo, 5 de abril de 2009

Cracóvia - última parte!

Bom, em primeiro lugar, peço desculpas pela demora em terminar de contar todas as peripécias da minha viagem à Cracóvia. Lá vai...

Quando voltamos de Auschwitz, na sexta-feira, já eram quase 15 horas. Tínhamos que estar nas minas de sal de Wieliczka antes das 17 horas, pois a última visita guiada em inglês aconteceria nesse horário. De acordo com a recepcionista do nosso hostel, deveríamos pegar o ônibus 304 na quadra de trás do hostel, e ir até o fim da linha. Chegando lá, veríamos as minas na nossa frente. Pura ilusão. Wieliczka é uma cidade que fica no subúrbio de Cracóvia, a uns 40 minutos do centro da cidade. Descemos na última parada e, para nossa surpresa, não tinha nenhuma mina lá. Era um subúrbio mesmo, cheio de mercadinhos, mas nada de minas. Ainda bem que o lugar era bem organizando em termos de placas sinalizadoras, vimos uma placa indicando a direção das minas e a distância delas... 1,5 km de onde estávamos! Sendo que já eram 16h40... Enfim, corremos para chegar lá e, por fim, conseguimos entrar nas minas a tempo...

Sobre o passeio pelas minas em si, a única coisa que pode descrevê-lo é: sensacional. Um dos passeios mais diferentes que já fiz. Nada como passeios por museus, igrejas e tudo o mais. Totalmente diferente e simplesmente fantástico. As minas de sal de Wieliczka existem há mais de 700 anos. Hoje em dia a extração de sal não ocorre mais, porque praticamente todo o sal dali já foi extraído. Mas, mesmo assim, ao andar pelos corredor do lugar, ainda dá para ver o sal literalmente brotando das paredes. A visita começa com uma descida de muitos degraus (no dia em que desci eu lembrava quantos eram, mas agora esqueci...) até chegarmos a 110 metros abaixo do solo. A descida te deixa meio zonzo depois de um tempo e, chegando lá embaixo, a guia avisou de cara que, se alguém achasse que poderia se sentir mal ali, que subisse para a superfície antes de começar a visita. Ninguém subiu. As minas são muito bem arejadas (não sei bem qual é o esquema utilizado por eles para fazer com que o ar corra lá embaixo, mas é muito bem organizado, porque dá para respirar muito bem lá), então não tem como passar mal.

O passeio dura mais ou menos duas horas. Tu passas por várias capelas (religiosidade polonesa sempre demonstrada), onde há santos esculpidos em pedra e em sal. Algumas esculturas foram feitas por escultores profissionais, outras por trabalhadores das minas mesmo. Há esculturas de anões também, muito bonitinhas. Me lembrei das minas de Moria do Senhor dos Anéis (ainda com acento?). Também há lagos lá embaixo, com porcentagem salinas altíssimas, se aproximando do Mar Morto, segundo o que nossa guia nos disse (20% de sal, se não me engano!).

O mais impressionantes das minas é um igreja principal que, se não me engano, fica também a uns 110 metros de profundidade. É simplesmente magnífica. Um altar todo bonitão, lustres feitos de pedras de sal, cenas bíblicas esculpidas na pedra, estátuas de pedra de santos e, é claro, do papa João Paulo II. Além disso, a igreja é decorada com um super lustre todo feito de pedras de sal. Todos os domingos há missas ali. E, segundo a guia, há casamentos com frequência nessa igreja. Além disso, há uma restaurante e um centro de conferências (onde, acredito, há também recitais de música eventualmente). Enfim, o passeio pelas minas é absolutamente sensacional. Pagamos 49 zlotys pela entrada, mas acho que eles poderiam cobrar bem mais, porque o passeio vale o preço do ingresso.

Nossa volta para casa após o passeio foi um tanto complicada... Na verdade, foi o momento mais complicado que tivemos na Polônia. A guia das minas nos disse que o ideal seria pegarmos um mini-ônibus na esquina do lugar onde ficam as minas. Fomos até lá, um frio de rachar, e a cada minuto passavam mini-ônibus, mas absolutamente NENHUM deles aceitava nos pegar. Todos diziam que não iam para o centro de Cracóvia e que era para esperamos "o próximo". Ficamos um tempão esperando. Daí falamos com uns policiais que nos disseram para pegar o ônibus numa outra parada, perto de onde estávamos, mas no sentido oposto da rua. Fomos até o lugar e não havia simplesmente nenhum ônibus passando. No final das contas, desistimos, subimos uma lomba até a rua principalzinha da cidade de Wieliczka (me pareceu ser a principal, pelo menos!) e pegamos um ônibus regular até a cidade... Chegando lá, apertamos para descer numa parada perto do nosso hostel, mas o ônibus só parou na parada seguinte, muuuuito longe de onde queríamos descer. Tivemos de pegar um tram para voltar. Foi um saco, mas chegamos sãs e salvas. No hostel, quando voltamos, estava tendo uma festinha com comidinhas típicas polonesas. Muito bom.

Por fim, na manhã de sábado acordamos cedo para ir conhecer o complexo Wawel, a "jóia da Polônia", segundo meu modesto guia de viagens. É um complexo onde há castelo, igreja e um monte de pessoas importantes enterradas, como poetas importantes, antigos reis e tudo o mais. Tudo isso na beira do rio Vistula, com uma vista espetacular da cidade. Btw, o Vistula também passa por Varsóvia. Na beira do castelo (e na beira do rio também), há uma estátua de um dragão, o suposto dragão de Cracóvia, que, não sei bem em que circunstância, acabou explodindo depois de ter caído no Vistula. Lendas polonesas. Enfim, o complexo Wawel é um dos lugares de maior orgulho para os poloneses, e com muita razão, o lugar é absolutamente lindo. Fiquei triste por não ter tido a oportunidade de passear bastante por lá. Nosso tempo era curto demais, então não pudemos fazer uma visita guiada.

Algumas fotos das partes internas do Wawel:




Para voltar para casa, fomos ao aeroporto de Katowice, cidade que fica a mais ou menos 1h30 de distância de Cracóvia.

Conclusões sobre a Polônia: é uma país simplesmente fantástico, com muita história e muita coisa interessante para ver. E o melhor de tudo: por preços muito acessíveis, já que a Polônia não utiliza o euro ainda. O que mais me impressionou foi ver o quanto o país tem potencial para crescer. Varsóvia, por exemplo, era um canteiro de obras gigantesco. É uma demonstração de que o leste europeu está, aos poucos, realmente adentrando o esquema capitalista ocidental e, com isso, crescendo economicamente a cada dia mais. Minha dica é: visitem a Polônia. O país é fascinante e uma viagem até lá te acrescenta muito conhecimento. Foi isso que eu senti, pelo menos.

Abraços a todos!