sábado, 16 de maio de 2009

Rússia - terceira parte

Hej hej!

Em primeiro lugar, desculpas enomres pela demora em terminar de escrever sobre minha viagem à Rússia. Às vezes tenho realmente muita preguica de escrever aqui. Mas vamos lá, hoje nao estou preguicosa...

No último post eu falei sobre nossa visita à tumba do Lênin. Bom, depois de termos passado por ali, seguimos para fora da Praca Vermelha, onde iríamos fazer uma visita guiada pelo Kremlin (pela qual pagamos 15 euros, por sinal!). Antes disso, entramos numa pequena igreja ortodoxa que ficava em plena praca, de onde vimos que nao paravam de entrar e sair muitas pessoas. Quando chegamos em Moscou, no sábado de manha, nossa guia de viagens nos avisou de que, naquele domingo, seria Páscoa no país (uma semana depois da nossa Páscoa, portanto) e que teríamos que ser muito sortudos para conseguir entrar em algumas determinadas igrejas da cidade. Mais tarde vimos que ela tinha razao. Mas enfim, entramos na tal igrejinha e a celebracao de Páscoa que estava acontecendo lá dentro era muito bonita. Muitas pessoas de pé ao redor do altar (numa aglomeracao gigantesca porque a igreja era minúscula), um monte de incenso no ar e todos cantando uma música interminável. Muito interessante. Ficamos ali uns cinco minutos e seguimos para nosso passeio no Kremlin.

Neste momento o frio era muuuuito intenso. Enquanto nos encaminhávamos para o Kremlin, comecou a nevar, e a neve continuou durante todo o nosso passeio, que durou duas horas e que foi, em sua maior parte, um passeio ao ar livre. Falando um pouco sobre o Kremlin em si, uma coisa que me chamou a atencao sobre ele é o fato de ele ter sido inicialmente construído sobre uma ilha. De acordo com nossa guia de viagens, a água foi encanada e, acima dela, foi feito um aterro, de forma que a única água que a gente vê por perto do Kremlin hoje em dia é a do Moskva River.

O Kremlin é a sede do governo russo, onde trabalha o presidente e todo o poder russo fica, de certa forma, concentrado. Os primeiros czares russos, como Ivan III (ou Ivan, o Grande, um dos grande heróis da história russa por uma série de motivos, como o fato de ter quase que triplicado a extensao do território do país durante o final do século 15) e Ivan IV (também conhecido como Ivan, o Terrível - o oficila primeiro czar da Rússia) viveram no Kremlin, até que, no século 18, (se nao me engano), Pedro, o Grande passou a capital do país para Sao Petersburgo, onde os czares passaram a residir até a Revolucao de 1917. Os bolcheviques fizeram com que a capital russa voltasse a ser Moscou em 1918, e daí passaram a governar de dentro do Kremlin, como os antigos czares faziam. Há um série de igrejas dentro do Kremlin, que sao simplesmente as igrejas ortodoxas mais lindas que já vi. Nao se pode fotografar dentro delas, porque a maior parte delas é toda pintada, e daí os flashs das fotos podem danificar a pintura. Nessas igrejas, os antigos czares eram batizados, coroados, casavam-se, eram enterrados, entre outras coisas que nao consigo lembrar agora. Em uma das igrejas há o túmulo dos dois Ivan, do III e do IV (e a nossa guia de viagens fez questao de destacar o fato de que o Ivan IV se correspondia com a rainha-virgem Elizabeth I da Inglaterra). Mesmo quando a capital russa estava localizada em Sao Petersburgo, as cerimônias de coroacao dos czares continuaram acontecendo nas igrejas do Kremlin.
As pinturas das paredes dessas igrejas sao simplesmente sensacionais. Imagens da vida de Cristo sao constantemente retradadas, e também há muitas pinturas sobre a volta de Cristo, santos russos e blá blá blá. Muito interessante.
Durante o passeio do Kremlin fiquei de novo com raiva do Stalin. A arquitetura do lugar é toda bonitona e toda meio que seguindo um estilo parecido. Daí, no meio de tudo aquilo, tu vês um prédio em estilo soviético, daqueles no formato paralelepípedo, cinza e feioso. Já deu para sacar, né? Mais uma maravilha arquitetônica colocada por Stalin no meio de Moscou. É um prédio onde, hoje em dia, há espetáculos artísticos, pecas de teatro, música e tudo o mais. Nao sei bem para que o prédio servia na época do comunismo, mas realmente detestei, achei que nao tinha absolutamente nada a ver com o Kremlin em si. Falando em comunismo, uma coisa que me chamou a atencao foi o fato de todas as torres que cercam o Kremlin terem, em seu topo, uma estrela vermelha. Sao as chamadas estrelas do Kremlin. De acordo com a Wikipedia, elas foram colocadas durante o regime comunistas em substituicao a antigas águias que ficavam ali, representando a Rússia Imperial. Apesar de ser mais um resquício comunista na paisagem moscovita, eu achei sensacional essa história das estrelas, porque é meio que uma representacao de tudo o que a Revolucao Russa representou, com a queda da monarquia e a ascensao do povo e tudo o mais...
Enfim, uma última coisa sobre o Kremlin que me chamou a atencao foi a presenca de um sino gigantesco na frente de uma das igrejas do lugar. De acordo com nossa guia, o sino tinha sido o maior do mundo sei lá em qual época, e quando alguém (sei lá quem) tentou colocá-lo na torre de uma igreja (ou algo assim), o treco caiu. Hoje em dia ele está no chao, com uma mega fenda em um dos lados. Mas é um sino muito bonito, todo trabalhado e tudo o mais.

Mas entao, terminamos nosso passeio pelo Kremlin depois de duas congelantes horas. Daí estávamos livres para fazer o que quiséssemos. Estávamos morrendo de fome, entao decidimos parar para almocar. E onde fomos? McDonalds, é claro. O McDonalds parece ser muito popular entre os russos. De acordo com o que li (e nao sei se já escrevi aqui isso), o primeiro McDonalds russo foi aberto em 1990 e, no início, as filas chegavam a 5 km de extensao. Uma loucura, portanto.

Depois do almoco decidimos ir dar uma passeada... Fomos para a parte da trás da Praca Vermelha, onde há uma pequena feira de artesanato (nada comparada àquela em que fomos em Sao Petersburgo) e onde fica também o teatro Bolshoi, símbolo da Rússia (está até na nota de 50 rublos, se nao me engano). Infelizmente, o teatro estava em reformas, daí nao pudemos nem entrar nem assistir nenhum espetáculo. Continuamos caminhando pelas redondezas, onde vimos hotéis que pareciam caríssimos, lojas também caríssimas e, depois de um tempo, decidimos voltar, para ir até o outro lado da Praca Vermelha, onde ficava a Catedral de Cristo, o Salvador. Essa igreja é a igreja ortodoxa mais alta do mundo e sua história foi algo que me deixou muito impressionada. A igreja foi construída depois de Napoleao ter sido mandado embora de Moscou por decreto do czar Alexandre I, para honrar todo o povo russo que teve sua vida sacrificada para a defesa do país. Durante a época stalinista, a igreja foi simplesmente demolida. Sim, demolida! É possível acreditar nisso? E tudo por que? Porque o Stalin queria construir um monumento ao socialismo no exato lugar a igreja. É por isso que às vezes o comunismo russo me dá uma certa raiva. Espero nao estar sendo engolida pelo pensamento europeu capitalista, mas essas história me deixaram muito impressionada com a capacidade de destruicao cultural da época stalinista.
Enfim, nao pudemos entrar na catedral, e eu até agora nao entendi bem o motivo. Chegando lá, tinha um monte de gente, provavelmente em funcao da Páscoa. Muitos policiais também. Perguntamos para eles se podíamos entrar e eles foram bastante enfáticos em seu "nao". Entao simplesmente desistimos. Fomos voltando a pé, atravessando as ruas por baixo (porque é simplesmente impossível atravesá-las por cima: o tráfego é muito intenso, os motoristas nao param para ti e, na maior parte dos lugares, tu nao vês quase nenhuma faixa de seguranca), vendo estátuas legais (como a do Dostoiévski) e aproveitando um solzinho que comecou a fazer na parte final do dia.

Tínhamos que estar no ônibus relativamente cedo, entao voltamos tranquilas, atravessamos de novo a Praca Vermelha, entramos numa loja de departamentos (que na verdade é mais um shopping do que qualquer outra coisa, porque lá dentro há uma série de lojas famosas, e todas caríssimas, é claro), demos um tempo, tiramos fotos e, por fim, nos encaminhamos ao ônibus. Saímos de Moscou com o sol já se pondo. A cidade fica muito bonita ao anoitecer. Acho que isso acontece com qualquer cidade, na verdade.

Entao, para finalizar: minha impressao de Moscou é simplesmente a de que foi uma das cidades mais sensacionais que já conheci. Gigantesca, repleta de cultura e história, com muito o que fazer e ver e, acima de tudo, sendo uma legítima metrópole, uma cidade que nao para. Vale muito a pena ir para lá. É uma experiência difernete e se pode aprender muito. Fiquei triste por nao ter podido ter passado mais tempo por lá. Quem sabe um dia eu volto, né?

Logo logo vem o último post sobre a Rússia, prometo!

domingo, 26 de abril de 2009

Rússia - segunda parte

Continuando o relato de minha viagem à Rússia...

Na sexta-feira à tarde, após termos almoçado no Subway, continuamos nosso caminho pela Nevsky Prospekt até chegarmos ao museu Hermitage, que fica no final da rua, à beira do rio Neva. O Hermitage é um dos maiores museus do mundo, ficando localizado num grande complexo de seis prédios, dos quais o principal é o Palácio de Inverno. O museu foi concebido por Catarina, a Grande, e sua coleção é  gigantesca, reunindo mais de três milhões de peças, das quais só uma pequena porcentagem é mostrada ao público de cada vez. Como nosso tempo era curto, visitamos só a parte principal do museu, que é o Palácio de Inverno. Ali fica a parte principal do museu, com obras que incluem arte antiga (egípcia, romana e grega), arte medieval europeia, arte dos séculos XVI a XVIII (e daí há obras de arte de todos os lugares possíveis: tanto russas quanto francesas, inglesas, flamengas, entre tantas outras) e, por fim, arte mais recente, englobando o século XIX e o século XX, incluindo aí toda uma sessão de obras de Van Gogh, Monet, Picasso, Matisse, Gauguin, entre outras.

O Palácio de Inverno, antes de ser museu, era a residência oficial dos czares russos. São Petersburgo foi capital da Rússia por um bom tempo. Se não estou enganada, foi durante a Revolução de 1917 que a capital foi transferida para Moscou. Alguns eventos de extrema importância para a história russa tiveram lugar nesse palácio. Em 1905, o Domingo Sangrento aconteceu na Praça do Palácio, bem frente ao Palácio de Inverno. O Domingo Sangrento é um episódio em que centenas de militantes foram mortos em frente ao Palácio de Inverno for ordem de Nicolau II, o último czar. A questão é que eles estavam apenas fazendo algumas reivindicações de melhores condições de vida, mas sem nenhuma espécie de violência. Era um protesto completamente pacífico. Mas, mesmo assim, todos os protestantes foram fuzilados. Esse episódio tem uma importância significativa porque foi o que deu às massas russas um impulso para a revolução. Em 1917, quando tal revolução de fato aconteceu, o Palácio de Inverno passou a ser utilizado como sede do governo provisório soviete.

Algumas fotos da parte externa do Hermitage:



Agora falando um pouco sobre o museu em si... Ele é simplesmente demais! As salas onde as obras de arte estão expostas são muito bonitas, com lustres pendendo do teto, móveis bonitos e detalhes de ouro na decoração. Em cada um das salas há um tiazinha sentada. Muitas delas me pareceram estar dormindo. O trabalho delas, pelo que entendi, é simplesmente o de cuidar dos visitantes que visitam o museu, dizendo para ninguém se apoiar em móveis ou encostar nas pinturas. Para vocês terem uma ideia melhor, deem uma olhada nas seguintes fotos, que dão uma ideia básica do que é o interior do museu:




Como não tínhamos muito tempo no museu, não deu para ficar olhando todas as peças com cuidadinho. Tivemos que ir atrás de ver o que nos interessava. Vimos uma escultura do Michelangelo chamada "Crouching Boy", que é um dos destaques do museu. Vimos também duas pinturas do da Vinci. Muito bonitas. A primeira que vimos foi uma chamada "Madonna and child". A segunda era chamada "Madonna with a flower".

No segundo andar do Palácio de Inverno, onde fica a parte de arte mais recente (leia-se ente os séculos XIX e XX), vimos várias obras interessantes. Vimos "Dança" do Gauguin. Outra que eu também gostei de ter visto foi "Woman in a garden", do Monet. Além de todo esse arsenal de obras europeias, o museu também conta com uma coleção gigantesca de obras de arte russa, retratando praticamente todos os períodos da história do país.

Passamos umas três horas no Hermitage. No fim, estávamos tao cansados que só queríamos poder nos sentar em algum lugar e descansar. Ao sairmos do museu, entretanto, tivemos uma surpresa. Uma multidão de homens de farda estava reunida na Praça do Palácio, com uma banda tocando e, de quando em quando, eles marchavam de um lado ao outro da praça. Não entendemos bem o que estava acontecendo, mas a impressão que deu foi de que eles estavam fazendo uma espécie de treinamento para alguma apresentação importante que aconteceria nos próximos dias. Foi um momento muito Rússia. Imaginem, uma parada militar em frente ao Palácio de Inverno? Adoramos. Algumas fotinhas para ilustrar:




Depois disso, fomos a um café tentar nos esquentar. Enquanto estávamos lá, começou a nevar muuuuito.  Ficamos um tempão no café até termos coragem de sair novamente. Quando saímos, decidimos ir visitar a Catedral de São Isaac, que fica ali pertinho e que é um dos principais símbolos da cidade de São Petersburgo. Infelizmente, ao chegar lá, desistimos por causa do mal tempo, que nos impediria de subir na cúpula da igreja para ter uma visão panorâmica da cidade. Na segunda-feira, quando voltamos a São Petersburgo, nós subimos.

Enfim, depois de alguns planos fracassados no final de nossa sexta-feira, corremos para nosso hotel e entramos no ônibus que nos levaria a Moscou, a 600 quilômetros dali. Nem preciso comentar o quao ruim foi nossa viagem. Ônibus lotado, todos muito cansados e, para piorar, uma estrada péssima. É uma vergonha que a estrada principal que liga as duas principais cidades da Rússia seja tao descuidada como vimos que é. Tinha horas em que, no meio da noite, todos do ônibus acordavam por causa dos solavancos. Era muito buraco.

No sábado de manhã chegamos em Moscou debaixo de forte chuva. Paramos na Praça Vermelha e, de lá, fomos para uma visita guiada. A praça é enorme e, certamente, um dos lugares mais incríveis em que já estive na vida. Segue uma fotinha - não minha, é claro! - para ilustrar a grandiosidade deste lugar:


Após darmos uma voltinha debaixo de chuva pela Praça, voltamos para o ônibus, todos molhados, para um city tour de duas horas de dentro do ônibus (ainda bem). Fomos andando e vendo os principais lugares do centro da cidade, os prédios do governo (inclusive o prédio onde, antigamente, funcionava a KGB e onde, atualmente, está localizado o Ministério da Defesa russo), diversas igrejas ortodoxas e, principalmente, estátuas de milhares de personalidades, cujos nomes agora eu não consigo lembrar, mas sei que eram, em sua maioria, de nomes das letras e da música russa, como o poeta Alexander Pushkin, escritores como Dostoievski e Tolstoi e o compositor russo Tchaikovsky, autor de obras incríveis como a ópera O Lago dos Cisnes. Além disso, a cidade está repleta de estátuas de heróis russos e, entre elas, figuram imagens de figuras ligadas ao comunismo, como Marx, Engels e, é claro, Lênin. Todas as estátuas do Stalin foram retiradas da cidade (se não me engano, também foram retiradas de todo país - não vi nenhum referência iconográfica a ele em nenhum dos lugares por onde andei na Rússia) e, hoje em dia, de acordo com o que nossa guia nos disse, elas podem ser encontradas num parque da cidade que é tipo um "cemitério de estátuas".

Passamos pelo estádio olímpico de Moscou, construído especialmente para as Olimpíadas de 1980, que aconteceram na cidade (e que foram boicotadas pelos EUA por causa da Guerra do Afeganistão, estão lembrados?). O hotel em que ficamos, por sinal, também foi construído especialmente para os Jogos Olímpicos daquelas ocasião. Fomos também ao prédio da Universidade de Moscou (ou Moscow State University - MSU). De acordo com nossa guia, cerca de 40 mil alunos estudam nessa universidade que, pelo que entendi, é uma das principais da Rússia. Aqui a foto do prédio da universidade, que visitei debaixo de muita chuva:



O prédio que sedia a MSU é um dos prédios chamados "As Sete Irmas de Stalin". São sete prédios espalhados por Moscou que foram construídos durante a era soviética e que são a mais pura demonstração da megalomania dos líderes soviéticos daquela época. Dos sete prédios, dois são hotéis, dois são usados pelo governo (um deles é o Ministério de Relações Exteriores, inclusive), dois são prédios residenciais e, por fim, o último deles é usado pela universidade. Parece que, no início, o projeto era de construir oito prédios, sendo que o oitavo deles ficaria em plena Praça Vermelha. Esse oitavo prédio, no final, acabou como um modesto presentinho para os cidadãos de Varsóvia e, hoje em dia, é onde está localizado o Palácio da Ciência e da Cultura na capital polonesa, sobre o qual falei em posts anteriores.

Depois do passeio pela cidade, em que todos estavam exaustos e muitos dormiram enquanto a guia falava, chegamos no nosso hotel. Perto dele, havia uma grande feira de artesanato chamada de Islaylovo Market. Decidimos ir para lá. Ali, o que vale é negociar. Negociando e pechinchando se consegue preços muito bons. Comprei matrioshkas, aquelas bonequinhas típicas russas. Uma peculiaridade sobre a Rússia é o péssimo nível de inglês dos russos, que é um aspecto generalizado. Na feirinha de artesanato, cujo principal alvo é turistas, o pessoal até falava um inglês básico, mas nada demais. Quando passávamos pelas barraquinhas, era comum ouvir os tiozinhos que queriam vender coisas gritando "I love you" para nós.

A tal feirinha do Islaylovo Market:

Voltamos ao hotel, descansamos e saímos para conhecer a noite moscovita. Pegamos o metrô para ir até o centro da cidade, onde íamos numa boate famosinha de Moscou chamada "Propaganda". O metrô de Moscou é sensacional. As estações são muito bonitas, obras de arte mesmo. A tal casa noturna era bem diferente, naquele estilo de música drum n bass que agrada tanto os europeus. Fiquei umas duas horas e voltei para a casa com um pessoal. Nosso táxi andou horrores e, mesmo assim, deu só 10 euros. Apesar de todos dizerem que Moscou é a cidade mais cara do mundo, eu não achei taaaao caro assim - talvez seja cara para outras coisas, né?

No dia seguinte, levantamos cedo para ver uma das principais atrações de Moscou, a tumba do Lênin. Para entrar lá, é uma grande complicação. De acordo com o que nossa guia repetiu à exaustão: "no big bags, no cameras, no cell phones". A fila para entrar na tumba dele é gigantesca, então chegamos cedo para garantir que íamos conseguir vê-lo. A tumba fica aberta todos os dias, sempre das 10h às 13h, então é bom não se atrasar. O esquema de segurança para entrar é relativamente forte. É necessário passar por um detector de metal na entrada e, além disso, lá dentro há guardas por todos os lados. É estranho ver o corpo do Lênin embalsamado. Parece que ele vai acordar a qualquer minuto. Fico me perguntando sobre como o corpo tem sido mantido tão bem preservado desde a morte dele, em 1924. A morte dele também é um treco um tanto misterioso. Parece que ele morreu em decorrência de uma série de derrames (sendo que, antes disso, ele tinha sido alvo de uma tentativa de assassinato). Mas lembro ter lido em algum lugar que, recentemente, foi descoberto que ele morreu de sífilis. Mas tudo bem, as causas da morte dele não interessam tanto. A questão é o que ele representa para a nação russa. O fato de o corpo dele estar há quase cem anos em exposição em pela Praça Vermelha é, para mim, uma tentativa de usar a figura dele para alcar o nacionalismo dos russos. Mas uma coisa que aconteceu quando estávamos em São Petersburgo me pareceu muito estranha: passávamos de ônibus pela estação de trens Finlândia, onde, antigamente, ficava uma grande estátua do Lênin. A questão é que a tal estátua tinha sido alvo de uma bomba algumas semanas antes de estarmos na cidade, e daí ficou com um buraco bem no meio. Quando passamos pelo lugar onde a tal estátua deveria estar, ela já tinha sido retirada. Mas o que eu estranhei mais o comentário da nossa guia de viagem quando passávamos por ali: "Ah, tudo bem, nós odiamos o Lênin". Não entendi o que ela quis dizer com isso. Talvez seja humor russo.

Amanha escrevo mais!

Beijos!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Rússia - primeira parte

Bom, amigos, finalmente darei início ao relato sobre minha viagem à Rússia. Peçlo desculpas antecipadas porque acho que vou escrever demais. Mas, se tiverem paciência, leiam até o final. Essa viagem foi uma das mais interessantes que já fiz e as coisas que aprendi com ela foram muitas. Ficarei feliz em poder compartilhar com outras pessoas todos os meus aprendizados.

Enfim... Na quarta-feira, 15 de abril, fomos até a Viking Line, em Estocolmo, pegar o barco que nos levaria até a Finlândia, de onde nossa viagem até a Rússia iniciaria. O barco fez uma viagem noturna desde Estocolmo até Turku, cidade que fica bem no sul da Finlândia. Era um barco gigantesco, com free shop, restaurantes, pubs e com cabines muito confortáveis para dormir. Deu para perceber algumas peculiaridades sobre a Finlândia durante nossa estadia no barco. A principal delas é a de que o finlandês é uma língua completamente diferente das outras línguas escandinavas. O sueco, o dinamarquês e o norueguês são todos muito parecidos, mas o finlandês é um mistério total. Totalmente diferente de qualquer outra língua que eu já tenho ouvido/ lido. Outra coisa que percebi é que existe uma espécie de preconceito na Escandinávia em relação aos finlandeses. Não sei exatamente o motivo de tal preconceito, mas uma amiga me disse que, numa janta de suecos da qual participou, foram comentados os resultados de uma pesquisa que perguntava aos escandinavos em qual outro país escandinavo eles morariam. Quase nenhum sueco, dinamarquês ou norueguês respondeu que moraria na Finlândia. Acho que tal preconceito não está relacionado apenas à questão da língua, mas principalmente ao fato de a Finlândia ter estado sob influência dos russos/soviéticos por um bom tempo, enquanto a Escandinávia manteve-se fora de tal influência.

Mas enfim... Chegamos em Turku bem cedinho e fomos direto para os ônibus nos quais passaríamos a maior parte da nossa viagem. E nao eram ônibus confortáveis como os brasileiros, não. Eram apertados, sem espaço para as pernas e, para piorar, os dois ônibus que reuniam o pessoal da viagem estavam completamente lotados. Deixando as coisas ainda piores, meu ônibus tinha 40 espanhóis (num total de 64 pessoas), o que tornou a situação ainda mais desagradável, visto que eles eram muito barulhentos e chatos.

Mas falando do que realmente interessa... Andamos umas quatro ou cinco horas até chegar na fronteira entre Finlândia e Rússia... Deu um medão de não poder passar, mas passamos. O esquema de segurança é bastante forte. Tivemos que mostrar nossos vistos tanto na fronteira finlandesa quanto na russa. Entre as duas fronteiras, há um espaço de terra muito "no man´s land", porque, pelo que entendi, não pertence a nenhum dos países. Não sei como isso é possível, mas whatever. Ao entrar em solo russo, já se percebe uma grande diferença em relação à Finlândia. Há muito lixo na beira da estrada, por exemplo, o que não é nada impressionante para uma brasileira como eu, mas deixou vários dos europeus do ônibus completamente impressionados pelo "desrespeito à natureza".

Chegar na Rússia de ônibus é uma experiência bem diferente do que chegar de avião, creio eu. Pudemos ver toda a pobreza do interior e das zonas suburbanas. Prédios caindo aos pedaços, estradas mal cuidadas, paisagens feias. A geografia russa, então, nem me fale. Horrível. Não sei bem como é o termo em linguagem geográfica, mas é uma vegetação contínua e alta, meio seca por causa do inverno, e muito depressiva, ainda mais porque tal vegetação se estende por todo o caminho. Por um lado, não foi tao ruim assim, porque daí pudemos dormir enquanto viajávamos. Não teve aquela coisa de "não vou dormir para ficar acordada para ver a paisagem". Ainda bem, porque eu já estava cansada. E a viagem nem tinha começado ainda!

Chegamos em São Petersburgo no final de quinta-feira. Ficamos num hotel que ficava um pouco distante do centro da cidade. Não muuuuito distante, mas também não no centro. Ficava numa área mais residencial, cheia daqueles edifícios horríveis no estilo caixa de fósforo da época do Stalin. Nesta primeira noite, não saímos porque estávamos todos muito cansados. Fomos no mercado comprar janta e era isso. No mercado, nos deparamos com o principal enigma da Rússia: o alfabeto cirílico. Totalmente incompressível. E é aí que tu começas a ver o quão diferentes os russos são de nós. Só o fato de ter um alfabeto diferente já os coloca em uma esfera diferente da nossa.

Na sexta-feira, tínhamos o dia inteiro para passear. Então fomos à luta. De manha, decidimos ir ao centro da cidade e, se tivéssemos tempo, iríamos visitar o museu Hermitage durante a tarde. Mas como nosso hotel era longe do centro, decidimos pegar o metrô. Que loucura. O metrô de São Petersburgo é o mais profundo do mundo, tu ficas uns três minutos na escada rolante até chegar na estação onde se pega os trens. E é muito rápido também. Tu não ficas mais do que dois minutos esperando por ele. E está quase sempre lotado. As estações são todas muito bonitas, em geral decoradas com esculturas. Deem uma olhadinha em uma das poucas fotos que consegui tirar lá:


Enfim, pegamos o metrô e paramos em Nevsky Prospekt, a principal rua de São Petersburgo e, pelo que ouvi dizer, a rua mais conhecida de toda a Rússia - eu lembrava de ter lido sobre ela quando li livros do Dostoievski. Andando por essa rua, fiquei muito com a impressão de que São Petersburgo não é uma cidade que representa integralmente a cultura russa. Todos dizem que é a cidade mais europeizada do país, e eu realmente acredito que seja. Me pareceu uma cidade europeia como qualquer outra (é claro que com suas particularidade e magias, né!).

Fomos andando pela rua e vendo muitas coisas interessantes. A estátua de Catarina, a Grande, foi uma das primeiras coisas interessantes que vimos. Catarina, a Grande (ou Catarina II) foi uma das maiores imperatrizes russas, tendo vivido no século 18. Durante os anos em que governou o país, a Rússia se expandiu consideravelmente e, além disso, ela foi uma grande incentivadora das artes, tendo feito parte daquele grupo dos déspotas esclarecidos que faziam amizades com grandes pensadores e escritores. Além disso, ela possuía uma grande coleção de arte, a qual deu origem ao atual museu Hermitage, do qual falarei mais tarde. Durante o reinado de Catarina II, a Rússia passou pelo momento em que seus nobres tiveram mais poder. Ok, isso tudo fez com que as artes e a cultura se desenvolvessem, mas os pobres ainda existiam, e em grande número (ainda existem, na verdade). Isso, uns séculos depois, durante o reinado do último czar, Nicolau II, acabaria levando à Revolução Russa.

No nosso passeio pela Nevsky Prospekt também passamos pelo teatro Alexandrinsky, que fica pertinho da estátua da Catarina II e, seguindo nosso caminho, chegamos bem no centrão da cidade, onde fica a catedral Kazan. É uma igreja ortodoxa, como a maioria das igrejas russas, já que essa é a religião oficial do país, se não me engano. Para entrar em uma igreja ortodoxa, as mulheres precisam cobrir suas cabeças e os homens devem descobri-las. Ao entrar lá, vimos uma celebração ortodoxa que foi uma das coisas mais interessantes que já vi. A igreja em si era maravilhosa. O altar principal não ficava no centro, mas do lado esquerdo da igreja, e não havia nenhuma espécie de banco para os fiéis sentarem. Os padres ficavam mais ou menos no meio da igreja, virados para o altar principal, e os fiéis se juntavam ao redor dos padres, também virados para o tal altar. A missa inteira é cantada e, pelo que ouvi dizer, dura três horas. As pessoas faziam reverências para o altar de quando em quando e, além disso, faziam o sinal da cruz várias vezes, só que ao contrário. Sabem como é o sinal da cruz, né? "Pai, filho e espírito santo". Para nós, quando se fala "espírito santo", primeiro colocamos nossa mão direita em nosso ombro esquerdo e, depois, no direito. Eles faziam ao contrário, começando pelo direito. Estranho, mas muito interessante.

Falando um pouco sobre a religião ortodoxa... Queria muito saber as diferenças entre ela e a religião católica apostólica romana, que é a nossa. Sei que a religião ortodoxa tem uma ligação direta com a religião de Constantinopla  e é por causa disso que a maior parte de seus adeptos está geograficamente localizada em países como Rússia, Grécia, Romênia, entre outros. A história da religião ortodoxa na Rússia tem algumas particularidades muito interessantes, como, por exemplo, o fato de ter passado por um campanha de repressão durante os anos do Stalin.

Um aspecto da religião ortodoxa que me chamou muito a atencao é o formato de sua cruz. A parte vertical de cima é uma menção àquela plaquinha que colocaram na cruz de Cristo dizendo alguma coisa no estilo "Jesus de Nazaré, rei dos judeus". A parte inclinada de baixo tem uma explicação um pouco mais confusa. De acordo com o que a guia de viagens nos disse em Moscou, tem a ver com o fato de Jesus ter sido crucificado juntamente de dois ladroes, e um deles se arrependeu, tendo ido para o céu, e o outro continuou sendo insolente, e daí foi para o inferno. Mas a Wikipédia diz que é por outros motivos. Um deles seria o fato de Jesus ter tido um apoio para os pés quando estava na cruz. Não sou uma grande expert em religiões, e o assunto em si nao me interessa muito, mas eu achei essas particularidades da cruz ortodoxas interessantes de mencionar.

Após sair da catedral Kazan, fomos para uma outra igreja ortodoxa, uma das mais conhecidas de São Petersburgo, a Igreja do Salvador no Sangue Derramado ou Igreja da Ressurreição de Cristo. A igreja foi construída no exato lugar onde o czar Alexandre II foi assassinado, no final do século 19. Demorou 24 anos para ser construída e 27 anos para restaurada (a tal restauração aconteceu no finalzinho do século 20). O interior da igreja (cuja entrada é paga) é completamente construído por mosaicos. É muito legal. Deem uma olhada na parte exterior dela aqui - tenho certeza de que vocês reconhecerão na hora:



Bom, depois de termos visto a igreja, almoçamos no Subway (já que ficamos com preguica de procurar um restaurante russo) e, em seguida, fomos ao Hermitage. Mas daí deixo a continuação para outro post, pois terei muita coisa para falar sobre este museu.

Beijos!

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Estocolmo

Caros amigos leitores, preparem-se para uma série de posts bastante longos. Recém voltei de minha viagem à Rússia, tendo passado, no caminho para ela, por Estocolmo, capital da Súecia, e por algumas cidades da Suécia. Tenho muita, mas muitas coisa mesmo para contar, então vamos lá!

Mas comecemos pelo começo... Antes de ir à Rússia, decidi passar dois dias em Estocolmo, gloriosa e lindíssima capital daqui da Suécia. Para ir até lá, pegamos um super trem, tri moderno e rapidão, que nos levou até lá em questão de quatro horas. Muito eficiente (e nada barato, por sinal - custou cerca de 50 euros!). Chegando lá, fomos direto para nosso hostel, onde deixamos nossas malas. O hostel foi mais um da série hostels inusitados da minha vida. Ficava localizado em um antigo barco, e não era um barco muuuuito grande não. Mas tudo bem, eu ia dormir só uma noite por lá mesmo, então não fazia diferença o lugar onde me hospedaria.

Após deixarmos nossas malas no hostel, fomos passear pela cidade. Estocolmo é a sede política da Suécia e, de acordo com a Wikipédia, é residência para 21% da população sueca, o que não me surpreende em nada. No caminho desde Lund até Estocolmo, vimos muitos lugares e pequenas cidades, mas nenhuma super cidadezona como aquelas às quais me acostumei a ver no Brasil. A geografia do país também vai mudando conforme se vai indo para o norte. Aqui em Skåne, regiao onde fica Lund, a geografia é mais parecida com a da Dinamarca, uma planície sem fim com campos verdes e moinhos de energia eólica no horizonte. Conforme se vai ao norte do país, a paisagem vai mudando para uma maior quantidade de florestas. Mas vejam bem, não são aquelas florestas exuberantes com as quais nos acostumamos no Brasil. São coníferas mesmo.

Estocolmo, além disso, é uma cidade onde se pode ver água por absolutamente todos os lados. É um arquipélago formado por 11 ilhas, se não estou enganada. Na verdade, a cidade é apenas uma parte de um arquipélago maior, que é composto por mais de 30 mil ilhas (!). Então, nosso hostel ficava perto da principal ilha da cidade, que é a da cidade velha (a maior e mais bem conservada cidade velha da Europa, de acordo com o brochure que peguei no tourist information daqui de Lund antes de viajar), também chamada Gamla Stan. Essa ilha é o coração de Estocolmo. Várias ruelas com lojas e restaurantes charmosinhos, igrejas por todos os lados e, principalmente, o palácio dos monarcas suecos.

Deem uma olhadinha para ter uma ideia do quão linda é esta região de Gamla Stan:

Pena que estava nublado quando estávamos lá!

É incrível a importância que a família real sueca tem no país. Por todos os lados tu vês fotos da Rainha Sílvia (que tem ascendência brasileira, para os que não sabiam!) e da Princesa Victoria, que está de casamento marcado para o ano que vem e cujo rosto simplesmente não sai das capas das revistas de fofocas daqui. Como ela é a filha mais velha da família real, ela vai ser a próxima rainha do país. Aqui não existe aquele esquema de que só homens podem suceder-se no trono e blá blá blá. A Suécia não é um país nem um pouco machista. Na verdade, é até interessante falar sobre a composição política do país em termos de gênero. Se não estou enganada, o parlamento sueco é composto por uma quantidade absurda de mulheres, que supera 50%, se não estou enganada. Há uma lei que obriga a existência de, no mínimo, 40% de mulheres no parlamento. Acho isso muito interessante. Nada de mulheres submissas aqui.

Enfim, voltando a falar da família real: eles estão em todos os lugares. Nos postais, nos posteres, nos restaurantes, nos cafés... Mas tudo bem... O palácio real em Gamla Stan é muito legal, mas achei o de Copenhagen mais legal. Vimos a troca da guarda e tudo o mais, nada muito impressionante. Seguimos caminhando. Na verdade, fiquei com a impressão de que, nessa parte da cidade, tudo gira em torno da monarquia. É estátua de antigos reis para todos os lados (em especial do tal rei Gustaf III, que teve grande importância para o país por ter sido um grande incentivador das artes e tudo o mais). Acabamos não entrando no palácio real por causa dos preços exorbitantes. Quem sabe numa próxima ocasião, quando eu tiver mais dinheiro!

Depois de andarmos por Gamla Stan, almocamos num restaurante em Stortoget, uma das pracas principais da ilha, onde fica localizado o Museu do Nobel, no qual nao entrei (e estou arrependida por isso). Depois do almoco, seguimos para a prefeitura de Estocolmo, onde, todos os anos, sao entregues os prêmios do Nobel. O único Nobel que nao é entregue ali é o da paz, que fica a cargo de Oslo. O prédio da prefeitura é relativamente novo, do início do século XX, e a vista da cidade que se tem dele é simplesmente maravilhosa. O Nobel é entregue na Suécia por causa do cientista Alfred Nobel, inventor do dinamite e sueco de nascenca. Vocês sabiam que só existem cinco prêmios Nobel? Sao eles: física, química, medicina, literatura e paz. Também há um prêmio para achievements na área da economia, mas ele é dado pelo Banco Central Sueco "em memória de Alfred Nobel". Interessante, nao? Até hoje nenhum brasileiro ganhou um Nobel. Quem sabe um dia, né?

O prédio da prefeitura, uma das visões mais conhecidas de Estocolmo:

E a vista da cidade que se tem de lá:

Lindo, né?

Enfim, continuamos andando e fomos para um bairro mais moderninho de Estocolmo, onde há uma rua principal com muitas lojas de grifes famosas e uma praça com um obelisco de vidro, onde uma gurizada estava reunida e onde, de acordo com o professor de uma das minhas cadeiras daqui de Lund (!), se pode comprar drogas ilegalmente. Depois do passeio, voltamos ao hostel para dormir.

A praça do obelisco de vidro:

No dia seguinte, passeamos por um outro bairro da cidade, um que fica ao sul de Gamla Stan. É um bairro moderninho e bonitinho, com galerias de arte e muitas igrejas no horizonte. Andamos o dia inteiro e, depois, pegamos o metrô para ir até uma outra parte da cidade, desta vez ao norte de Gamla Stan. Ali, entramos numa espécia de mercado público e almoçamos. Comi almôndegas com purê de batata, prato típico sueco. E depois fomos caminhando de volta para nosso hostel para pegar nossa bagagens. De lá, às 18h, tínhamos um encontro na Viking Line, terminal com barcos que vao desde Estocolmo até a Finlândia diariamente (eu acho). Ali encontramos com o restante do pessoal que iria para a Rússia. E o resto fica para o próximo post.

Minhas impressões sobre Estocolmo: é uma cidade absolutamente fantástica e, o melhor de tudo, muito cosmopolita. Aqui em Lund sempre tenho a impressão de que todos são iguais, pois aqui não há muitas pessoas diferentes do padrão loiro de olhos azuis dos suecos. Em Estocolmo é outro esquema. Muitas pessoas completamente diferentes. A Suécia é um dos países que mais recebem imigrantes no mundo, sabiam? Em outras épocas, imigrantes que vinham aqui trabalhar e, mais recentemente, refugiados de zonas de guerra. Talvez seja isso que dê o caráter cosmopolita à cidade. Além disso, a cidade respira um ar monárquico que eu achei muito legal. Acho que teria gostado mais de ter ido para Estocolmo do que para Lund. Mas tudo bem.

Até logo!

domingo, 12 de abril de 2009

Noruega

Vamos lá! Agora venho aqui falar um pouquinho sobre minha viagem de três dias à Noruega...

Fiquei lá desde a quinta-feira santa até ontem, sábado de páscoa. Peguei o avião no aeroporto de Copenhagen na quinta-feira de manhã bem cedo. Nunca vi um aeroporto tão lotado na minha vida. Loucura total, sendo que eu cheguei faltando menos de uma hora para o embarque. Tive que fazer o check in naquelas máquinas de check in on line. Ainda bem que tive tal ideia, senão jamais teria conseguido embarcar a tempo.

Eu e minha amiga Ana chegamos em Bergen às 9h30 da manha. Bergen é uma das cidades mais chuvosas do mundo, em função do fato de ficar totalmente cercada por montanhas, então não nos surpreendemos quando, ao chegar no aeroporto, vimos uma forte neblina cobrindo as tais montanhas e uma leve garoa caindo. Além disso, Bergen é a segunda maior cidade da Noruega, com uma população de mais ou menos 250 mil habitantes. Menor que Caxias, portanto. Mas nada surpreendente para os padrões noruegueses. A Noruega tem uma das menores densidades demográficas da Europa e a capital, Oslo, tem uma população muuuuito pequena (pelo menos em comparação a outras capitais europeias): um pouco mais que 500 mil habitantes.

Alguns outros fatos sobre a Noruega: o país faz parte da OTAN (tendo sido um dos membros fundadores), mas não faz parte da União Europeia. Talvez por causa disso nos foi feito um monster interrogatório ao chegar no aeroporto de Bergen, no estilo quem tu és, o que fazes aqui, o que fazes na Europa em geral, e blá blá blá, o que incluiu até colocar uns cachorros enormes para nos revistar.

A Noruega liderou o ranking do IDH mundial desde 2001 até 2006, e hoje em dia ela está empatada em primeiro lugar com a Islândia. O custo de vida no país é muuuuito alto. Os noruegueses ganham muito bem, mas também pagam uma das maiores cargas tributárias do mundo. Acho que essa é uma característica daqui da Escandinávia: cargas tributárias enormes, mas ótimos serviços providenciados pelo governo em troca disso.

Enfim, chegamos em Bergen e éramos, literalmente, as únicas almas vivas andando pela cidade. Quinta-feira era o primeiro dia do feriadão de páscoa, que vai até segunda-feira lá. Então imaginem, não tinha absolutamente ninguém lá quando chegamos. E tudo absolutamente fechado. Começou a bater uma preocupação sobre onde comprar comida, onde trocar dinheiro e tudo o mais, mas logo tudo se resolveu. A Noruega é muito organizada, então não tivemos absolutamente nenhum problema. Colocamos as mochilas num locker na estação central de trem, pegamos dinheiro no caixa eletrônico e fomos passear. Por sorte, não tinha mais chuva. Olhem a cena curiosa que vimos enquanto ainda estávamos na estação central de trem:


Um bando de tiosinhos prontos para fazer uma caminhada na neve, pelo visto! Muito fofos!

Mas vamos lá! Bergen é absolutamente linda. A cidade é muito antiga, tendo feito parte da antiga Liga Hanseática. Para aqueles que lembram das aulas de história, a Liga era uma espécie de organização de comércio entre várias cidades europeias na Idade Média. Como Bergen fica no litoral, a cidade acabou fazendo parte da Liga, tendo exportado peixes, peles e outros artigos que agora esqueci. O porto de Bergen ainda é um dos mais importantes da Noruega. A parte mais conhecida da cidade se chama Bryggen, que é um conjunto de casinhas de madeira muito bonitinhas (e totalmente tortas, by the way), onde as mercadorias que antigamente eram exportadas ficavam armazenadas. Hoje em dia, as tais casinhas guardam lojas e restaurantes. É uma região muito charmosa da cidade. Para terem ideia do quão tortas são as casinhas de madeira, deem uma olhada:



Bergen inteira é muito charmosinha. As casas são, em sua maioria, construídas de madeira, naquele estilo típico norueguês que a gente vê nos livros. Um amor. Outra curiosidade sobre Bergen é que ela foi capital da Noruega entre os séculos 12 e 13, antes do rei se mudar para Oslo. Btw, a Noruega até hoje é uma monarquia, mas é aquele esquema de sempre, os monarcas não apitam nada, mas servem para manter o nacionalismo e tudo o mais... E outra: sabiam que a Noruega é uma grande exportadora de petróleo? Eu não sabia, então fiquei impressionada quando soube, porque sempre achei que a economia deles se baseada em pesca e blá blá blá... Tão bom aprender coisas novas em viagens!

Infelizmente, não pudemos visitar os muitos museus da cidade, porque tudo estava fechado. Então ficamos caminhando pelas ruelas e, para nossa sorte, o sol apareceu. Comemos no McDonalds, o que foi uma certa idiotice, porque o preço desse tipo de comida na Escandinávia é muito inflacionado, o que pode ser comprovado pelo fato de a Noruega sempre estar na lista de países nos quais o Big Mac é mais caro, de acordo com o índice Big Mac. Mas isso é muito bom, por um lado, porque é um incentivo para as pessoas comerem direito. Talvez seja por isso que a expectativa de vida na Escandinávia é tal alta.

Enfim, no final do dia fomos ao nosso hostel. Tivemos que pegar ônibus para ir até lá, mas tudo deu muito certo, chegamos tranquilas e o hostel em si era super confortável. Ficava em cima de uma das montanhas que cercam a cidade, então tivemos uma vista maravilhosa de lá. O café da manha estava incluído nos quase 25 euros que pagamos de diária (saudades da Polônia nessas horas!), então não tenho do que reclamar.

Na sexta-feira santa, acordamos muuuuuuuito cedo para ir no passeio mais legal ever, o Norway in a Nutshell. Pagamos 100 euros cada um pelo passeio, mas foi muito válido. Faria de novo se pudesse. Às 8h40 da manha, pegamos um trem que, em mais ou menos uma hora e meia de viagem, nos levou até a pequena (mas grande para os padrões noruegueses) cidade de Voss. O caminho do trem em si já é maravilhoso, vai ladeando uma regiao já com fiordes e tudo o mais. Em Voss, pegamos um ônibus que nos levou até Gudvangen, cidadezinha onde paramos, compramos souvenirs e, depois, pegamos o barco que nos levou pelo meio do Naeroyfjord, o fiorde mais estreito da Noruega e um dos mais visitados. A paisagem deste passeio é um negócio absolutamente espetacular. Tu vais andando pelo meio dos fiordes e vendo aquelas montanhas, picos nevados, nuvens baixas, lugarejos no meio do nada, entre tantas outras coisas lindas. Um monte de passarinhos vieram acompanhando nosso barco, deixando a viagem um pouco mais barulhenta, mas tudo bem. No mais, tu não ouves nenhum barulho além da conversa das pessoas, é uma paz... Totalmente diferente do meu dia-a-dia de correrias e loucuras.

Além disso, ao contrário do que várias pessoas disseram, não congelei no barco. Ele vai a 80 km/h, o que realmente bem rápido, mas eu acho que estava tao agasalhada que nem senti tanto o frio. E a vista era tão fantástica que eu não ia ficar pensando no frio que estava sentindo, né! Deem uma olhadinha no quão linda era a paisagem:


Após duas horas de passeio no barco, chegamos em Flåm, uma cidadezinha de 450 habitantes que, acredito, vive do turismo. Ali há vários restaurantes e lojinhas de souvenirs. Paramos por uma hora para o almoco e, depois, continuamos viagem pela Flåm Line, uma estrada de trem que vai pelo meio das montanhas. É simplesmente fantástico. É incrível ver as pessoas vivendo no meio do nada, em lugarejos mínimos no meio das montanhas. Fala-se que as pessoas desses lugarejos vivem mais. Que dúvida, né! Em pleno contato com a natureza, longe do stress do mundo capitalista e da junk food das grandes cidades... Assim qualquer um vive mais, né!

O trem que nos levou pelo passeio na Flam Line:


O passeio pela Flåm Line ficou em nível de igualdade em relação ao passeio de barco pelo fiorde. Os dois foram simplesmente sensacionais. A Flåm Line possui vinte túneis, sendo que 18 deles foram construídos totalmente à mão, sem ajuda de máquinas ou explosivos. Imaginam isso? A área é de acesso muito difícil, e os invernos são muito rigorosos na Noruega, então deve ter sido realmente uma loucura a construção dessa estrada. Mas tudo bem, hoje em dia ela está lá para fornecer às pessoas um dos passeios mais fantásticos, pelo menos para quem gosta de natureza e de paisagens naturais. Eu não sou tao fã assim, gosto muito mais de ver cidades e história e tal, mas, mesmo assim, achei imbatível. A Noruega é certamente um dos lugares mais lindos que já visitei. Entra para meu top 5 desde já!

O passeio termina quando a Flåm Line alcança a "cidade" de Myrdal. Dali, pegamos um trem de volta até Bergen. Fiquei triste comigo mesma por não ter prestado muita atenção na paisagem na volta. É que o trem era tão, mas tão confortável, que eu não consegui me manter acordada por toda a viagem de volta.

Por fim, no sábado pegamos chuva em Bergen. Ia ser sorte demais não pegarmos uma gota de chuva numa das cidades mais chuvosas do mundo. Então nem fizemos nada demais, fomos direto para o aeroporto.

Bergen não é aquele tipo de cidade que tem milhares de atrações. Dá para conhecer bem em dois dias. E à pé. Em suma, minha percepção sobre a viagem à Noruega é que é muito uma viagem para relaxar. Nada de stress, porque tudo funciona tao bem que tu não precisas te preocupar com absolutamente nada. Conhecer o país de IDH número 1 no mundo é uma grande experiência. Mas é como eu disse: não há tanta história quanto em outros países, como a Polônia, por exemplo. Os noruegueses se orgulham muito do passado viking, então há milhares de souvenirs de barquinhos, miniaturas de vikings, livros sobre mitologia nórdica, entre outras coisas. Mas é uma viagem para quem quer ver natureza. E vale muito a pena. Recomendo infinitamente!

Beijos!

domingo, 5 de abril de 2009

Cracóvia - última parte!

Bom, em primeiro lugar, peço desculpas pela demora em terminar de contar todas as peripécias da minha viagem à Cracóvia. Lá vai...

Quando voltamos de Auschwitz, na sexta-feira, já eram quase 15 horas. Tínhamos que estar nas minas de sal de Wieliczka antes das 17 horas, pois a última visita guiada em inglês aconteceria nesse horário. De acordo com a recepcionista do nosso hostel, deveríamos pegar o ônibus 304 na quadra de trás do hostel, e ir até o fim da linha. Chegando lá, veríamos as minas na nossa frente. Pura ilusão. Wieliczka é uma cidade que fica no subúrbio de Cracóvia, a uns 40 minutos do centro da cidade. Descemos na última parada e, para nossa surpresa, não tinha nenhuma mina lá. Era um subúrbio mesmo, cheio de mercadinhos, mas nada de minas. Ainda bem que o lugar era bem organizando em termos de placas sinalizadoras, vimos uma placa indicando a direção das minas e a distância delas... 1,5 km de onde estávamos! Sendo que já eram 16h40... Enfim, corremos para chegar lá e, por fim, conseguimos entrar nas minas a tempo...

Sobre o passeio pelas minas em si, a única coisa que pode descrevê-lo é: sensacional. Um dos passeios mais diferentes que já fiz. Nada como passeios por museus, igrejas e tudo o mais. Totalmente diferente e simplesmente fantástico. As minas de sal de Wieliczka existem há mais de 700 anos. Hoje em dia a extração de sal não ocorre mais, porque praticamente todo o sal dali já foi extraído. Mas, mesmo assim, ao andar pelos corredor do lugar, ainda dá para ver o sal literalmente brotando das paredes. A visita começa com uma descida de muitos degraus (no dia em que desci eu lembrava quantos eram, mas agora esqueci...) até chegarmos a 110 metros abaixo do solo. A descida te deixa meio zonzo depois de um tempo e, chegando lá embaixo, a guia avisou de cara que, se alguém achasse que poderia se sentir mal ali, que subisse para a superfície antes de começar a visita. Ninguém subiu. As minas são muito bem arejadas (não sei bem qual é o esquema utilizado por eles para fazer com que o ar corra lá embaixo, mas é muito bem organizado, porque dá para respirar muito bem lá), então não tem como passar mal.

O passeio dura mais ou menos duas horas. Tu passas por várias capelas (religiosidade polonesa sempre demonstrada), onde há santos esculpidos em pedra e em sal. Algumas esculturas foram feitas por escultores profissionais, outras por trabalhadores das minas mesmo. Há esculturas de anões também, muito bonitinhas. Me lembrei das minas de Moria do Senhor dos Anéis (ainda com acento?). Também há lagos lá embaixo, com porcentagem salinas altíssimas, se aproximando do Mar Morto, segundo o que nossa guia nos disse (20% de sal, se não me engano!).

O mais impressionantes das minas é um igreja principal que, se não me engano, fica também a uns 110 metros de profundidade. É simplesmente magnífica. Um altar todo bonitão, lustres feitos de pedras de sal, cenas bíblicas esculpidas na pedra, estátuas de pedra de santos e, é claro, do papa João Paulo II. Além disso, a igreja é decorada com um super lustre todo feito de pedras de sal. Todos os domingos há missas ali. E, segundo a guia, há casamentos com frequência nessa igreja. Além disso, há uma restaurante e um centro de conferências (onde, acredito, há também recitais de música eventualmente). Enfim, o passeio pelas minas é absolutamente sensacional. Pagamos 49 zlotys pela entrada, mas acho que eles poderiam cobrar bem mais, porque o passeio vale o preço do ingresso.

Nossa volta para casa após o passeio foi um tanto complicada... Na verdade, foi o momento mais complicado que tivemos na Polônia. A guia das minas nos disse que o ideal seria pegarmos um mini-ônibus na esquina do lugar onde ficam as minas. Fomos até lá, um frio de rachar, e a cada minuto passavam mini-ônibus, mas absolutamente NENHUM deles aceitava nos pegar. Todos diziam que não iam para o centro de Cracóvia e que era para esperamos "o próximo". Ficamos um tempão esperando. Daí falamos com uns policiais que nos disseram para pegar o ônibus numa outra parada, perto de onde estávamos, mas no sentido oposto da rua. Fomos até o lugar e não havia simplesmente nenhum ônibus passando. No final das contas, desistimos, subimos uma lomba até a rua principalzinha da cidade de Wieliczka (me pareceu ser a principal, pelo menos!) e pegamos um ônibus regular até a cidade... Chegando lá, apertamos para descer numa parada perto do nosso hostel, mas o ônibus só parou na parada seguinte, muuuuito longe de onde queríamos descer. Tivemos de pegar um tram para voltar. Foi um saco, mas chegamos sãs e salvas. No hostel, quando voltamos, estava tendo uma festinha com comidinhas típicas polonesas. Muito bom.

Por fim, na manhã de sábado acordamos cedo para ir conhecer o complexo Wawel, a "jóia da Polônia", segundo meu modesto guia de viagens. É um complexo onde há castelo, igreja e um monte de pessoas importantes enterradas, como poetas importantes, antigos reis e tudo o mais. Tudo isso na beira do rio Vistula, com uma vista espetacular da cidade. Btw, o Vistula também passa por Varsóvia. Na beira do castelo (e na beira do rio também), há uma estátua de um dragão, o suposto dragão de Cracóvia, que, não sei bem em que circunstância, acabou explodindo depois de ter caído no Vistula. Lendas polonesas. Enfim, o complexo Wawel é um dos lugares de maior orgulho para os poloneses, e com muita razão, o lugar é absolutamente lindo. Fiquei triste por não ter tido a oportunidade de passear bastante por lá. Nosso tempo era curto demais, então não pudemos fazer uma visita guiada.

Algumas fotos das partes internas do Wawel:




Para voltar para casa, fomos ao aeroporto de Katowice, cidade que fica a mais ou menos 1h30 de distância de Cracóvia.

Conclusões sobre a Polônia: é uma país simplesmente fantástico, com muita história e muita coisa interessante para ver. E o melhor de tudo: por preços muito acessíveis, já que a Polônia não utiliza o euro ainda. O que mais me impressionou foi ver o quanto o país tem potencial para crescer. Varsóvia, por exemplo, era um canteiro de obras gigantesco. É uma demonstração de que o leste europeu está, aos poucos, realmente adentrando o esquema capitalista ocidental e, com isso, crescendo economicamente a cada dia mais. Minha dica é: visitem a Polônia. O país é fascinante e uma viagem até lá te acrescenta muito conhecimento. Foi isso que eu senti, pelo menos.

Abraços a todos!

terça-feira, 31 de março de 2009

Cracóvia e Auschwitz

Bom, continuemos falando sobre a viagem à Polônia!

Depois de passar a noite de tercç, a quarta inteira e a manhã de quinta em Varsóvia, pegamos um trem e fomos à Cracóvia. Três horas de viagem num trem meio lento, mas confortável, com comidinha e pelo modesto preço de uns 20 euros (já esqueci o preço em zlotys).

Chegamos lá aí por 16 horas (já que o trem atrasou meia hora em Varsóvia) e fomos direto para o hostel. Perdermos a estação em que tínhamos que descer do tram, mas chegamos, enfim, sãs e salvas. O hostel era bem legalzinho, pequeninho, mas bem organizado e com um staff muito gentil e prestativo. Ficamos hoooooras perguntando mil dúvidas, pedindo indicações de lugares e tudo o mais, e as meninas da recepção conseguiram basicamente tudo para nós.

O quarto era só para nós desta vez, o que foi ótimo, o banheiro era grande e o café da manhã (que foi servido numa mesa especialmente para nós) era de graça. E era perto de tudo: do complexo Wawel (sobre o qual falarei mais depois), do antigo bairro judeu da cidade (Kazimierz) e do centrinho histórico. O melhor: a diária custou mais ou menos seis euros. Eu amo a Polônia.

Na quarta de noite, fomos conhecer o centrinho de Cracóvia. Foi rapidão, o que foi um pena, porque a praçaa central da cidade é fantástica. Para os desinformados (onde me incluo, porque só fiquei sabendo de todas as coisas que vou escrever agora quando fui à Cracóvia), a cidade foi capital da Polônia por um tempão, se não me engano até o século 16. Além disso, a cidade é um grande centro de cultura, arte e tudo o mais. Uma cidade absolutamente incrível. Pena que não consegui aproveitá-la tão bem quanto gostaria, porque meu tempo lá foi curto demais.

Conhecemos a praça principal da cidade, que é fantástica. Quando chegamos lá, já era noite, então foi emocionante, tudo iluminado, realmente lindo. Visitamos uma igreja que fica na praça que é absolutamente maravilhosa. Se não me engano, é algo espécie de basílica de Maria. Quando entramos lá, estava tendo uma missa, então não pude tirar nenhuma foto de dentro do lugar. Mas era lindo. Segue uma foto da praça para vocês terem uma ideia de como é lá:



Tem uma história interessante sobre a praça principal de Cracóvia. Parece que (não tive a oportunidade ver) a cada hora há um cara que anuncia o horário do dia tocando uma trombeta nos quatro cantos de alguma construção da praça (que pode ser tanto a catedral quanto um negócio que eles chamam Cloth Hall, que é tipo um mercadinho de souvenirs e artesanato que fica bem no meio da praça). Parece que esta é uma tradição de Cracóvia e que, há muito tempo atrás, esse carinha tinha a função de verificar se a cidade estava segura de invasores. Conta a história que, lá pelo século 10, o tal cara que tocava a trombeta foi morto por um dardo exatamente na hora em que avisava a cidade que um ataque iria acontecer. E daí Cracóvia foi invadida. Só não sei por qual povo - nada como pegar as histórias pela metade, né!

Enfim, o centrinho de Cracóvia é absolutamente lindo, todo cercado por uma muralha. A cidade é muito antiga, século 7 se não estou enganada. Demais por andar por lá.

Na sexta-feira de manha fomos a Auschwitz, o famoso campo de concentração da Segunda Guerra mundial, num passeio organizado por uma agência parceira de nosso hostel. Uma van veio nos buscar e fomos passando por vários hotéis da cidade para pegar turistas que também estavam indo para lá. Demora mais ou menos uma hora e meia para chegar.

Chegando lá, uma multidaaaaao. Estudantes, turistas, enfim, muita gente. Fizemos uma visita guiada que foi muito boa, se não tivéssemos feito, não teríamos entendido nada decentemente. Ao chegar lá, eles te dão um fone de ouvido e tudo o que o guia vai falando tu podes ouvir pelo fone. Nada de pescoços esticados como nos museus brasileiros. Mas tudo bem, é compreensível, Auschwitz é o museu mais visitado da Polônia, então eles precisam mesmo estar preparados para receber bem os visitantes.

Mas enfim... Falando sobre o museu em si, não sei qual outro adjetivo utilizar além de impressionante. Em primeiro lugar, tu entras pelo portão de entrada do campo, onde está escrito, em tom de pura ironia, "o trabalho liberta" (do alemão, "arbeit macht frei"). Chega a dar nojo ler aquilo. Tu passas por salas em há fotos das pessoas chegando nos campos, vindas de um monte de lugares, Hungria, Checoslováquia, entre outros muitos países. Depois, tu vais para uma salas em que há um monte de antigos pertences das pessoas que foram mortas. Tem uma sala em que há duas toneladas de cabelo humano que foi retirado das vítimas. Na mesma sala, dá para ver o tecido que era feito com tal cabelo. Em outras salas, pilhas de penicos, panelas e utensílios pertencentes às vítimas, pentes, escovas, malas (muitas delas com os nomes das pessoas)... Por fim, muuuuitos sapatos, sendo que há uma sessão só para sapatos de crianças. Também tem uma sessão só com roupinhas de crianças. Não aguentei ficar muito tempo lá.

Depois disso, tu vais para uma salas em que eles mostram as fotos que as pessoas que chegavam no campo tiravam. É horrível o olhar de todas elas. Dá para ver no rosto delas que elas já tinham uma ideia do que ia lhes acontecer. E, juntamente das fotos, tem a data de chegada no campo e a data da morte da pessoa. Muitas morreram no mesmo dia em que chegaram. Outra morreram uns meses depois. Há fotos também de crianças que foram utilizadas para experimentos científicos pelos nazistas - eles faziam experiência com gêmeos, crianças com deformações físicas e problemas mentais, etc. Não dá para aguentar ver aquilo. E é incrível ver o olhar das pessoas que fazem a visita contigo, é todo mundo com aqueles olhares meio incrédulos e apavorados ao mesmo tempo... Simplesmente horrível!

Mas o que eu achei pior, pelo menos em Auschwitz I, foi a parte das salas de tortura. Fiquei impressionada com uma sala em que as pessoas ficavam trancadas num espaço mínimo (acho que era menos de 1x1), totalmente escuro e sem janelas. Segundo o guia, às vezes quatro pessoas ficavam trancadas ali. Fiquei chocada. Entre os prédios, tu visitas os lugares onde as pessoas eram fuziladas e os postes onde eram torturadas. Um horror.

Não sei bem quantas câmaras de gás existiram em Auschwitz, mas sei que só restou uma. Os nazistas destruíram tudo quando se deram conta de que a guerra estava acabando e os russos estavam chegando. Só sobrou uma. Fomos visitar. Dentro da câmara, dá para ver o forno onde os corpos das pessoas eram incinerados. Os fornos foram todos destruídos pelos nazistas, mas um deles foi reconstruído, para que as pessoas pudessem ver como era. Horrível.

Depois disso, fomos a Auschwitz II (também chamado Birkenau). Foi ali que a maior parte da matança aconteceu. Ainda hoje dá para ver o portão por onde entra uma estrada de ferro. O trem parava ali dentro e, ao sair do trem, as pessoas eram dispostas em uma fila (isso se as pessoas tivessem conseguido sobreviver à viagem de trem, né!). Na fila, era feita uma seleção. Alguns iam para a câmara de gás assim que chegavam. Outros iam para o trabalho, mas poucos sobreviviam. Birkenau foi quase que totalmente destruído, pelo alemães, pelos nazistas e também por algumas pessoas presas no campo, em um momento de resistência que ocorreu um pouco antes dos russos libertarem Auschwitz. Algumas das casinhas onde as pessoas viviam foram reconstruídas, para mostrar para as pessoas como era. Os dormitórios eram feitos de madeira, mas havia buracos entre o chão e as paredes, e também entre o teto e as paredes, de forma que a temperatura chegava a dez graus negativos lá dentro, durante o inverno. Trezentas pessoas dormiam em cada pavilhão.

Outra coisa que me impressionou foram as fotos das pessoas com o número do campo marcado na pele.  Os nazistas, depois de um tempo, pararam de marcar as pessoas com números. E também pararam de tirar fotos no momento em que as pessoas chegavam. É que chegou um momento na guerra em que tanta gente estava chegando ao campo que eles não conseguiram mais controlar o fluxo de pessoas.

Enfim, conclusões de tudo isso: não sei como existem pessoas que têm a petulância de negar o holocausto. A visita a Auschwitz é uma evidência de tudo o que aconteceu. E não consigo entender como todos esses crimes puderam ser perdoados. Na verdade, não entendo bem como tudo aquilo pode ter sido feito. É um absurdo ver o nível de crueldade e de falta de senso de humanidade ao qual as pessoas podem chegar. Mas acredito que a visita a Auschwitz é algo que todos devem fazer, se um dia tiverem a oportunidade, para, pelo menos, possam ter uma consciência maior do que aconteceu. No Brasil, as pessoas não têm muita noção do que foi a Segunda Guerra, principalmente pelo fato de o Brasil não ter sido tão diretamente atingido por ela. Mas aqui na Europa o negócio é diferente. A guerra é mencionada toda hora. Então acho que a visita a Auschwitz é válida neste sentido. Não é a coisa mais bonita que alguém vai ver neste mundo, mas te dá uma compreensão maior das coisas. E te faz questionar também. Como um ser humano pode fazer coisas tao horríveis aos seus semelhantes?

A questão permanece...

Amanhã continuo!

Abraços!

domingo, 29 de março de 2009

Varsóvia

Vamos lá! Lá vou eu tentar fazer um relato completo de tudo o que vi e pensei durante a viagem de quatro dias pela Polônia! É muito coisa, então preparem-se, hihi!

Em primeiro lugar, nossa chegada em Varsóvia foi um tanto quanto assustadora. O aviao da Wizzair - companhia aérea húngara low budget que voa para um monte de cidades no leste europeu - que saiu de Malmö estava absolutamente lotado e, além disso, muuuuito quente, então simplesmente não aguentávamos mais ficar lá. Quando achávamos que íamos descer e, finalmente, poder sair do aperto daquele avião, o piloto nos avisou que teríamos que ficar mais uns vinte minutos voando, porque estava tendo uma tempestade de neve e daí a pista do aeroporto não estava em condições para descermos... Foi um saco e deu medo, mas tudo bem, chegamos vivas.

O aeroporto de Varsóvia é bem organizadinho e limpinho, apesar de que acho que não vi nem um terço dele. Assim que saímos de lá pegamos um táxi. Meio loucura pegar táxi lá, as pessoas fizeram uma fila mas ninguém respeitava nada, todos ficavam se jogando em cima dos primeiros táxis que apareciam... Um tanto estranho, mas tudo bem, as meninas e eu entramos no clima e nos jogamos também. O taxista não parecia entender inglês, mas reconheceu o nome do nosso hostel e nos levou até lá bem rapidinho.

O hostel era o Oki Doki, um dos mais famosinhos de Varsóvia, pelo que fiquei sabendo. Ele ficava muito bem localizado, perto do Palácio da Cultura e da Ciência, edifício mais alto da Polônia (uns 230 e poucos metros de altura), presentinho do Stalin da época comunista. Segue uma fotinha para dar uma ideia melhor da grandiosidade deste prédio:


Em nossa primeira noite, dormimos só eu e as meninas no quarto. Na segunda noite, um menino dormiu conosco. Ficamos morrendo de medo de que fosse um psicopata, mas no final era um guri tri queridinho. O hostel era bem confortável (apesar de os quartos serem meio antigos e tal) e super badalado, na nossa segunda noite o lugar estava completamente lotado.

Mas falemos de Varsóvia, então. Na quarta-feira de manhã, após nossa primeira noite na cidade, a neve tinha diminuído, então fomos caminhar pela cidade. Fomos andando até a parte antiga da cidade. É muito interessante pensar que a maior parte das coisas dali foi destruída durante a Segunda Guerra, e que, depois, tudo foi reconstruído de forma muito fiel ao que era antes. Achei isso fantástico, apesar de todo o aspecto trágico por trás da história. Nesta parte mais antiga da cidade, há uma igreja em cada esquina. Não minto, é isso mesmo. A Polônia é um dos países mais católicos da Europa. 

A praça onde está o Castelo Real de Varsóvia é absolutamente linda. A vista da cidade que se tem de lá é muito boa. E daí fomos caminhando por uma ruelas até chegar numa outra praça, onde há uma sereia (sim, outra!), que é símbolo e protetora da cidade. Na verdade, pelo que li, ela é uma espécie de irmã da sereia de Copenhagen, de acordo com o mito e tal... Olhem uma fotinha dela aí!


Mas enfim, caminhar por essa parte de Varsóvia é sensacional, porque tu começas a pensar em toda a história da cidade, em tudo o que já se passou naquelas ruas, em todos os conflitos da época do Levante e tudo o mais... Para quem gosta de história, é um prato cheio.

Enquanto caminhávamos pelo centro de Varsóvia e falávamos em português entre nós, um guri se aproximou perguntando, em português, se éramos brasileiras. No final, ele nos disse que se chamava Lucas e que estava morando em Varsóvia para aprender polonês. Ele deu várias voltas conosco e nos mostrou vários lugares. Fomos num restaurante típico onde comemos o prato mais tradicional (creio eu) da cozinha polonesa, pierogi é o nome. Parece um ravioli. O recheio mais típico é o de queijo com batatas, que nós comemos e adoramos. Comemos também o pierogi com recheio de espinafre e de carne, muito bons também.

Depois fomos caminhar na parte mais nova da cidade... É muito interessante, Varsóvia é muito uma cidade de contrastes, há coisas muito antigas junto de coisas muito novas. Acho isso absolutamente sensacional. Perto do Palácio da Cultura e da Ciência, a cidade é muito no estilo metrópole da América do Norte, com vários edifícios gigantescos, hotéis de luxo e tudo o mais. Fomos caminhando a pé até o Museu do Levante de Varsóvia. Enquanto caminhávamos, o clima mudou milhares de vezes... Choveu, fez sol e, além disso, nevou ao mesmo tempo em que tinha sol. Demais! O tal museu é muito interessante, fala sobre tudo o que aconteceu no Levante. Pena que não pegamos uma visita guiada, acho que teríamos entendido muito mais se tivéssemos feito isso. O museu em si é todo interativo e moderno, então achei super legal. Sobre essa história do Levante, fiquei realmente impressionada, Varsóvia passou um tempão lutando sozinha contra os alemães, sem a ajuda de praticamente nenhum exército estrangeiro. E daí, quando a guerra acabou e finalmente a cidade poderia ter um pouco de paz, chegaram os soviéticos. Acho que foi isso o que mais me impressionou sobre Varsóvia, toda a história de luta durante a Segunda Guerra, e depois o comunismo... Fiquei com a impressão de que tudo isso deixou marcas muito fortes na cidade, que resistem até hoje. De qualquer maneira, para o turista que, assim como eu, amo história, isso não chega a ser ruim, mas sim um prato cheio para aprender e saber mais sobre a incrível nação que é a Polônia. 

Ao voltar do tal museu, subimos no Palácio da Cultura e da Ciência. A vista de lá é sensacional. Não tinha consciência de que a cidade era tao grande, mas, de acordo com o que o guri brasileiro me disse, tem uns quatro milhões de pessoas vivendo ali! Enorme, portanto - ainda mais comparando a Lund, que tem míseros 100 mil habitantes.

Depois disso estávamos tao cansadas que precisamos parar um pouco. Tínhamos caminhado o dia inteiro sem parar. Fomos a um shopping super moderno que fica do lado da estação central de trem de Varsóvia, e também do lado do Palácio da Cultura e da Ciência. Ali, tomamos um café com o Andrzej, polonês super querido, num tal Coffee Heaven, rede de cafés polonesa no estilo Starbucks absolutamente maravilhosa. O café de baunilha deles é demais. Daí comemos no Burguer King, uma das meninas que estava comigo fez mil compras, voltamos ao hostel, largamos as coisas e fomos num outro café encontrar de novo o Andrzej. Ele trabalha numa tv polonesa (TVP, se nao me engano) e nos contou um montão de coisas interessantes sobre seu trabalho e sobre a Polônia. Muito legal!

Mas tenho que conta sobre uma coisa que nos aconteceu quando estávamos indo embora do shopping... Quase tivemos que pagar uma multa por estar atravessando a rua fora da faixa de segurança! Já tínhamos sido prevenidas disso, tendo ouvido dizer que tanto motoristas quanto pedestres eram multados nas ruas da cidade, mas estávamos cansadas demais para procurar a faixa e, daí, decidimos atravessar fora dela... Bem na hora em que atravessávamos correndo, passaram TRÊS carros de polícia, sendo que um deles nos mandou voltar para conversar. Fingimos não falar inglês direito, imploramos desculpas e, quando perguntadas de onde éramos, respondemos "Brasil" e foi muito engraçado. Os policiais ficaram com uma cara de que nunca tinham visto alguém do Brasil antes. E daí um deles começou a falar "Rio de Janeiro", "futebol", aquelas palavras típicas que as pessoas que ouvem falar do Brasil dizem quando conhecem um brasileiro... Uma das palavras foi "samba", e daí eles pediram para a gente sambar!!! Mas é óbvio que não sambamos, né! Pedimos mil desculpas e os caras no liberaram. Então aí vai uma dica: quando em Varsóvia, jamais atravesse fora da faixa de segurança, em especial em áreas movimentadas da cidade!

Por fim, na quinta de manhã fomos no parque Lazienki, um dos parques mais conhecidos de Varsóvia que é absolutamente maravilhosooooooo! Além de ser gigante, tem palácios no meio do parque, e um montão de bichos, tais como pavões, patos, esquilos que vêm comer na tua mão, entre outros. Deem uma olhada em um dos palácios que ficam no meio do parque:



Fechamos com chave de ouro nossa estadia em Varsóvia. Tudo deu absolutamente muito certo e conhecemos basicamente tudo o que queríamos. No meu caso, só ficou um sentimento no estilo "que pena que talvez eu nunca mais venha aqui". Espero que eu possa voltar um dia!

Ok, estou cansada de escrever, e a segunda parte da viagem à Polônia tem muita mais coisas para contar! Amanhã continuo!

Beijos!

domingo, 15 de março de 2009

Compartilhamento de emoções!

Não posso deixar de compartilhar com meus leitores a emoção de ter visto novamente meu passaporte são e salvo, depois de ele ter sido mandado para a remota terra da Finlândia. Meu visto russo já está devidamente colado na segunda página do meu passaporte, logo depois do visto sueco. É tao bonitinho que eu tenho que compartilhar com vocês a emoção de saber que, dentro de um mês, estarei indo para a Rússia. Tem até meu nome escrito no alfabeto russo!

É incrível como a entrada na Rússia é absurdamente restrita. O visto vale exatamente para os dias em que estarei dentro do território do país, 16 a 21 de abril. Algunas intercambistas com quem falei que já foram para lá disseram que a fronteira é protegida por cercas de arame farpado e que os passaportes são checados a todo momento, mesmo quando se está em plena rua caminhando tranquilamente.

Outra coisa que me surpreendeu: falei com um intercambista russo e disse, totalmente emocionada, que estava indo para o país dele dentro de um mês. E ele para mim: "mas por quê???". Me impressionei. Ele disse que não entendia o porquê de eu estar querendo ir para um país como o dele, do qual ele só buscava se afastar. Umas meninas do Cazaquistão com quem tenho aula disseram o mesmo: "por que motivo queres ir à Rússia???". É estranho perceber que as pessoas de lá têm uma visão totalmente diferente da que temos sobre os russos. Bom, na verdade, eu não tenho uma visão formada, vamos ver o que vou concluir depois da minha viagem (que, na verdade, não vai me permitir ver nem a ponta do que o país é, já que vou ficar sete dias só entre as duas maiores cidades).

Nesta semana estou muito ocupada, tenho várias coisas de estudos para concluir, mas o bom é que, no dia 23, já vou estar livre de duas disciplinas. Dia 24, logo a seguir, vou à Polônia e, ao voltar, outras duas cadeiras já vao estar comecando!

Na Páscoa, vou à Noruega ver os fiordes e gastar uma fortuna num dos países mais caros da Europa! Mas tudo bem, acho que a viagem vai valer a pena, as paisagens de lá são absurdamente incríveis e vai saber quando eu estarei na Escandinávia novamente, né?

Até mais, amigos!

terça-feira, 10 de março de 2009

Aula sobre a guerra dos Balcãs

Hoje tive uma aula muito interessante na disciplina que faço que fala sobre as tendências contemporâneas de ser europeu... Uma professora da Croácia nos deu uma aula sobre herança cultural e sobre como é viver numa situação de guerra. Foi uma aula totalmente diferente daquelas que estou me acostumando a ter aqui, em que passo o tempo inteiro concentradíssima, anotando tudo o que consigo.

A professora meio que deu um relato pessoal (e também da pesquisa do PhD dela) sobre o que aconteceu na Croácia na época da fragmentação na antiga Iugoslávia. Achei tudo o que falou absolutamente fantástico. Ela nos contou sobre como as pessoas, em momentos de guerra, tentam fazer uma espécie de "imitação da realidade", procurando manter antigos hábitos e costumes, mesmo que, há poucos quilômetros de distância, hajam bombas destruindo a cidade. Segundo ela, este tipo de atitude é, de certa maneira, uma forma de amenizar a situação absurdamente ruim que é a de estar vivendo num país em guerra. Acho muito interessante poder ter acesso ao ponto de vista de cidadãos europeus sobre assuntos delicados como a questão da guerra, já que, no Brasil, apesar de termos passado por muitos maus bocados, não tivemos a experiência (pelo menos as gerações mais jovens não tiveram) de estar vivenciando um momento de guerra.

Achei muito interessante quando a professora falou sobre a cidade de Dubrovnik, que é patrimônio da UNESCO e que, mesmo com tal título, não foi poupada de ataques durante o período da desmantelação da Iugoslávia em 1991. Ela nos falou sobre as reações das pessoas do país em relação a tais ataques e, em especial, sobre as reações daqueles que moravam na cidade. Achei realmente interessante poder ver o ponto de vista dela, que é croata e que passou a aula inteira nos falando sobre seu próprio país. Foi uma das aulas mais interessantes que tive desde que cheguei aqui em Lund, uma aula mais pessoal e menos mecânica, mais no meu estilo.

Falando em patrimônio da UNESCO... A professora perguntou quantos de nós sabíamos de lugares de nossos países que eram parte de tal patrimônio (afinal, a aula era sobre herança cultural). Fiquei absurdamente envergonhada por nao saber o que é patrimônio no Brasil. Eu realmente não tinha ideia, mas agora descobri! Se quiserem dar uma olhada na lista de todos os países, aí vai: http://whc.unesco.org/en/list

Abraços e até mais!